ATA DA QUINTA SESSÃO
EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA,
EM 26-6-2013.
Aos
vinte e seis dias do mês de junho do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às quinze horas e seis minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos
vereadores Alberto Kopittke, Any Ortiz, Bernardino Vendruscolo, Cassio
Trogildo, Clàudio Janta, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, Engº Comassetto,
Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel, João Derly,
Lourdes Sprenger, Luiza Neves, Marcelo Sgarbossa, Mauro Pinheiro, Nereu
D'Avila, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Professor Garcia, Séfora Mota e
Tarciso Flecha Negra. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Delegado Cleiton, Dr. Cristaldo,
Idenir Cecchim, Jussara Cony, Mario Fraga, Mario Manfro, Mônica Leal, Pedro
Ruas, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, 2ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do
Legislativo nos 117, 220, 221, 222, 226, 227, 228, 229 e 145/13,
este discutido pelos vereadores Engº Comassetto, Alberto Kopittke, Reginaldo Pujol e Alceu Brasinha, o Projeto de
Resolução nº 016/13, discutido pelo vereador Dr. Thiago. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Dr. Cristaldo, Idenir Cecchim e Bernardino
Vendruscolo. Às quinze horas e cinquenta e oito minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos para a realização de reunião conjunta de Comissões
Permanentes, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e nove minutos. Às dezesseis horas e cinquenta e um minutos, constatada a existência de
quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação, foi aprovado o Requerimento nº
124/13 (Processo nº 2016/13), por dezenove votos SIM, quatro votos NÃO e três
ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos vereadores Pedro Ruas,
Professor Garcia, Alberto Kopittke, Séfora Mota, Clàudio Janta, Valter
Nagelstein, Jussara Cony, Fernanda Melchionna, Mario Manfro, Tarciso Flecha
Negra, João Carlos Nedel e Marcelo Sgarbossa, em votação nominal solicitada
pelo vereador João Carlos Nedel, tendo votado Sim os vereadores Airto
Ferronato, Alberto Kopittke, Any Ortiz, Cassio Trogildo, Clàudio Janta,
Delegado Cleiton, Dr. Cristaldo, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna,
Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa,
Mônica Leal, Pedro Ruas, Séfora Mota, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e
Valter Nagelstein, votado Não os vereadores Elizandro Sabino, João Carlos
Nedel, Luiza Neves e Reginaldo Pujol e optado pela Abstenção a vereadora
Lourdes Sprenger e os vereadores Mario Manfro e Professor Garcia. Em Votação,
foi aprovado o Requerimento nº 126/13 (Processo nº 2042/13). Em Votação, foi
apreciado o Requerimento nº 101/13 (Processo nº 1641/13), o qual obteve treze
votos SIM, dois votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos
vereadores Marcelo Sgarbossa, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Clàudio Janta,
Idenir Cecchim e Valter Nagelstein, em votação nominal solicitada pelo vereador
Reginaldo Pujol, tendo votado Sim os vereadores Alberto Kopittke, Any Ortiz,
Clàudio Janta, Dr. Cristaldo, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara
Cony, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Mônica Leal, Pedro Ruas, Sofia
Cavedon e Waldir Canal, votado Não os vereadores Guilherme Socias Villela e
Reginaldo Pujol e optado pela Abstenção o vereador Valter Nagelstein, votação
declarada nula pelo senhor Presidente, em face da inexistência de quórum
deliberativo. Após, foi apregoado o Memorando nº 048/13, de autoria do vereador Dr. Thiago, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que no dia
de amanhã estará representando externamente este Legislativo, em evento alusivo
ao Dia Internacional de Combate às Drogas, no Município de Vila Flores – RS. Durante a Sessão, o vereador Pedro Ruas manifestou-se
acerca de assuntos diversos. Às dezoito horas e quarenta e um minuto,
constatada a inexistência de quórum deliberativo, o senhor Presidente declarou
encerrada a Ordem do Dia e encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos vereadores Dr. Thiago, Bernardino Vendruscolo, Waldir Canal,
Sofia Cavedon e João Carlos Nedel e secretariados pelo
vereador Mario Manfro. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída
e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Thiago): Esta Sessão destina-se à discussão
geral da 2ª Sessão de Pauta.
Havendo quórum,
passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 1297/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/13, de autoria do Ver. Christopher Goulart,
que concede o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao senhor André Luiz de
Mello Machado.
PROC.
Nº 1503/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 145/13, de autoria da Verª Any Ortiz, que
obriga a manutenção da prestação do serviço do transporte coletivo pelo período
mínimo de até 1h (uma hora) após o término de eventos com atrativo de trânsito
e público realizados no Município de Porto Alegre.
PROC.
Nº 1856/13 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 016/13, de autoria do Ver. Guilherme Socias Villela, que concede o
Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre ao Lar de Santo Antônio dos
Excepcionais.
PROC.
Nº 2003/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 220/13, de autoria da Mesa Diretora, que
extingue 5 (cinco) cargos de Assessor Legislativo II e cria 5 (cinco) cargos de
Assessor Legislativo I no Quadro dos Cargos Efetivos, Serviço Administrativo,
constante no art. 9º da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que estabelece
o Sistema de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto
Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores.
PROC.
Nº 2004/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 221/13, de autoria da Mesa Diretora, que altera
de 13 (treze) para 14 (quatorze) o padrão de vencimento dos cargos de Médico no
Quadro dos Cargos Efetivos, Serviço de Saúde e Assistência, constante no art.
9º da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que estabelece o Sistema de
Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências –, e alterações posteriores.
PROC.
Nº 2005/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 222/13, de autoria da Mesa Diretora, que altera
o caput e o § 1º, caput e inc. III, do art. 50-G e inclui
inc. V no § 1º do art. 50-G da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que
estabelece o Sistema de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal
de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores,
estendendo a percepção de Gratificação Especial aos detentores dos cargos de
Jornalista-Radialista e Jornalista-Repórter-Fotográfico, pelo exercício de
atividades de edição de notícias, de imagens, de áudio, de vídeo e de redes
sociais, e dando outras providências.
PROC.
Nº 2023/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 226/13, de autoria da Mesa Diretora, que inclui
arts. 43-A, 50-I, 50-J e 58-A na Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que
estabelece o Sistema de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal
de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores,
instituindo Gratificação Especial pelo exercício de atividades relativas à
elaboração da folha de pagamento e pelo exercício de atividades de preparo e
execução de pagamentos diversos e dando outras providências, e revoga o art. 45
dessa Lei e a Resolução nº 1.774, de 29 de dezembro de 2003.
PROC.
Nº 2024/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 227/13, de autoria da Mesa Diretora, que
estabelece normas para a concessão de gratificações para servidores designados
para integrar ou secretariar grupo de trabalho ou comissão administrativa, de
sindicância, de inquérito administrativo ou de licitação, ou para ministrar
treinamento a servidores, no âmbito deste Legislativo, conforme o disposto no
art. 49 da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986, e alterações posteriores, e
no art. 111 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e alterações
posteriores, e revoga a Resolução nº 793, de 15 de dezembro de 1983, e as
Resoluções de Mesa nos 172, de 2 de junho de 1997, e 173, de 3 de
junho de 1997.
PROC.
Nº 2025/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 228/13, de autoria da Mesa Diretora, que altera
os arts. 20 e 43, parágrafo único, inc. III, e inclui art. 50-H na Lei nº
5.811, de 8 de dezembro de 1986 – que estabelece o Sistema de Classificação de
Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências
–, e alterações posteriores, extinguindo as funções gratificadas de Coordenador
da Assessoria Administrativa e de Assessor em Composição de Anais e 1 (uma)
função gratificada de Assessor de Gabinete de Diretoria, 2 (duas) de Assistente
de Gabinete, 5 (cinco) de Auxiliar Legislativo e 1 (uma) de Subchefe de Setor e
criando Gratificação Especial pelo exercício de atividades de apoio aos
Gabinetes de Diretorias.
PROC.
Nº 2026/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 229/13, de autoria da Mesa Diretora, que inclui
inc. VI no § 5º do art. 1º e inc. XI no art. 13 da Resolução nº 1.367, de 2 de
janeiro de 1998 – que reorganiza os serviços administrativos da Câmara Municipal
de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores; altera
art. 20 e o Anexo e inclui art. 50-K na Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986
– que estabelece o Sistema de Classificação de Cargos e Funções da Câmara
Municipal de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores,
criando a Contadoria, excluindo a função gratificada de Chefe da Assessoria de
Gestão de Contratos e Acompanhamento de Contas e 1 (uma) função gratificada de
Chefe de Serviço, criando a função gratificada de Contador-Geral e a
Gratificação Especial pelo exercício de atividades de controle orçamentário; e
revoga dispositivos da Resolução nº 1.367, de 2 de janeiro de 1998, e
alterações posteriores.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Engº
Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, meus
colegas Vereadores e Vereadoras, nesta Sessão de Pauta, quero aqui fazer
algumas considerações ao Projeto da colega Ver.ª Any Ortiz que obriga a manutenção da prestação do serviço do transporte
coletivo pelo período mínimo de até uma hora após o término de eventos com
atrativo de trânsito e público realizados no Município de Porto Alegre. Então,
o tema transporte público precisa ser analisado por nós em um contexto geral. O
Projeto da Ver.ª Any traz essa contribuição para o debate, que trata de uma
questão específica que é garantir o transporte público em Porto Alegre, no
mínimo, até uma hora após a realização dos grandes eventos públicos, shows, futebol e outras questões. Esse
debate, Ver. Ferronato, é oportuno para a população e juventude que foram às
ruas pedir pela melhoria do transporte público. Então, esse é um dos pontos. E
hoje, faremos um debate, aqui nesta Casa, de um projeto do Executivo Municipal.
Portanto, colega Any, além de prorrogarmos por mais uma hora depois do término
dos grandes eventos, nós precisamos enfrentar este debate aqui, Ver. Brasinha.
Um dos temas é o sistema Tri. Quem controla o sistema Tri dos ônibus no
transporte público? São as empresas. Com todo respeito que tenho pelas
empresas, com todo respeito que tenho pelos transportadores, essa é uma função
pública! Essa função é do Poder Público Municipal. Todos aqueles que compram o
Tri antecipado, fazem o dinheiro cair em um caixa, e quem faz a gestão desse
caixa são as empresas. No nosso ponto de vista, quem teria que fazer essa
gestão é o Poder Público Municipal, porque tudo que sobra e que não foi gasto
tem que ser gerenciado, e o resultado desse processo tem que reverter em
subsídio para o transporte e para a passagem. Ontem, o Congresso Nacional,
através do Senado, aprovou um projeto de lei garantindo o transporte gratuito
para a juventude, para os estudantes, e nós precisamos aprofundar aqui o
debate para construir também esta política. E, Ver. Cecchim, não é só este o
debate; também o Município e o Estado têm que entrar nesta agenda, porque a
União já entrou ao estabelecer a redução dos impostos. Então, nós temos que
dialogar com o Estado e o Município para também, nesta agenda... E aqui eu
tenho uma manifestação do Procurador do Tribunal de Contas do Estado, Geraldo
da Camino, dizendo o quê? Que o cálculo feito para se chegar ao número que se
chegou no valor das passagens está equivocado. Bom, nós temos que analisar isso
aqui. Nós temos que fazer esse debate com todos os envolvidos e transmitir isso
para a população, para que o transporte seja qualificado. Portanto, a nossa
Bancada apoia o Projeto da Ver.ª Any, que traz mais um elemento no debate do
transporte público municipal, mas ele não se resume em ampliarmos somente nos
grandes eventos, nós temos que ampliar as linhas de ônibus para aquelas regiões
que não têm esse serviço. Lá na CUTHAB nós temos recebido várias demandas da
comunidade que quer o T12, o T13, o T14, todas elas dizendo: “A Carris precisa
ser qualificada, a Carris precisa ser reestruturada, a Carris tem que aumentar
a sua fatia no transporte público de Porto Alegre”. Esta tem que ser uma
bandeira de todos os legisladores de Porto Alegre. A Carris sempre foi exemplo
de transporte público, e não pode ocorrer como no ano passado em que a Carris
teve R$ 22 milhões de prejuízo. A Carris tem que ser tratada como um
patrimônio, como uma joia do Município, garantindo a qualidade no transporte.
Portanto, venho aqui, Ver.ª Any, dizer que o seu Projeto é bem-vindo, pois
inclui, na pauta da discussão do transporte público, a dilatação do horário dos
ônibus na Cidade quando temos grandes eventos. Um grande abraço e muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Any
Ortiz está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. Alberto
Kopittke está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Caros colegas,
boa-tarde a todas e a todos, Presidente, Ver. Dr. Thiago; venho aqui, em discussão
de Pauta, assim como o meu colega Ver. Comassetto, fazer a discussão do Projeto
da colega Ver.ª Any Ortiz. Destaco que o seu Projeto, Ver.ª Any, vem exatamente
em razão da ausência de uma política de transporte. Eu tenho certeza de que é
vontade tua também que nós não precisássemos de projetos de lei para buscar a
garantia do transporte público para os jovens desta Cidade, mas, infelizmente,
é necessário, porque os jovens e os trabalhadores da nossa Cidade, na imensa
maioria, quando precisam, nos finais de semana, nos horários noturnos, não
encontram o transporte público para o seu lazer, para o esporte, para usufruir
a Cidade, para circular pela Cidade. O transporte público – e ainda de má
qualidade –, aqui em Porto Alegre, como de regra em todas as grandes cidades do
nosso País, por uma falta de planejamento de outros tempos, está voltado
simplesmente para levar os trabalhadores ao seu trabalho e retirá-los, ao final
do horário do expediente, das fábricas, escritórios e casas; do contrário,
circulam pela Cidade somente aqueles que tiverem o seu transporte individual,
numa determinada concepção de cidade onde circulam apenas os que têm como
circular. Portanto, não se tem um direito garantido. Por isso, eu venho aqui
também cumprimentá-la por esta iniciativa. E como bem disse aqui o meu colega,
Ver. Comassetto, quero pedir a todos os colegas que tomem conhecimento das
propostas que estamos fazendo para a melhoria do transporte público aqui, Ver.
Pujol, como uma proposta adequada à inovação das ruas, qual seja, que 1/3 do
Conselho Municipal de Transporte da Cidade seja escolhido de forma direta pelos
cidadãos, Ver. Paulinho Motorista, para que esses jovens que estão nas ruas e
que hoje já não se identificam com os Partidos e com os movimentos – mas que
discutem mais transporte público do que qualquer um de nós aqui, porque são
usuários, são ativistas desse direito – possam também participar dessa
discussão – por que não? – no próprio Conselho Municipal do Transporte Público,
conhecendo as planilhas de custo, fiscalizando os horários, fiscalizando a
qualidade do serviço, de forma direta, sendo eles eleitos pelas ruas. Eu vejo
que há um certo receio, depois que a Presidente Dilma propôs a Constituinte,
querida amiga Lícia Peres, a quem vou fazer uma referência mais adiante, por
parte de alguns segmentos da sociedade, de que essa voz das ruas saia das
manifestações, ocupe o espaço público, e venha, efetivamente, causar uma
transformação mais profunda no nosso País. Aqui, temem que a voz das ruas,
efetivamente, ocupem o Congresso Nacional e os parlamentos. Por que o temor?
Por que o temor por parte de vários colegas juristas de que, aqui, no País, nós
tenhamos a oportunidade de inovar e construir uma Constituinte específica? Por
que não, se é para reformar todo o nosso sistema político, o sistema que nos
trouxe até aqui? De quem é o medo? Porque eu via, até a semana passada, muitos
saudando efusivamente esse movimento. E, de uma hora para outra, a partir do
momento em que a Presidenta Dilma propôs que gostaria de ouvir a voz da
sociedade brasileira para iniciar um grande processo de transformação, eu vi
muitas vozes saltando fora: “Opa, essa transformação não, isso é golpismo!”
Aliás, é importante esclarecer que na história do Brasil nunca foi a esquerda
que deu algum tipo de golpe! Mas a quem, realmente, esse movimento de uma
Constituinte causa temor? Em nós, não é! Nós queremos discutir com a sociedade
e, efetivamente, reformar o sistema político, porque eu ainda sonho, Ver. Pedro
Ruas, em ver aqui, na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa, no
Congresso Nacional, essas cadeiras sendo ocupadas na sua metade por mulheres.
Eu quero paridade, e isso não vai ser o Congresso Nacional que vai fazer! Tem
que ser uma Constituinte, Fernanda! Tem que ser esses jovens que estão nas
ruas! Temos que acabar com o financiamento privado, esse mecanismo que nós
sabemos que não traduz com equidade as vozes das ruas, as vozes que querem,
efetivamente, mudanças.
Eu espero que nós
tenhamos coragem de não apenas fazer transformações pontuais. E saúdo a
derrubada da PEC nº 37; aliás, esta Casa já havia aprovado o apoio a essa
proposta, bem como tinha aprovado o apoio à garantia do pré-sal para a
Educação.
Estamos no caminho,
mas nós não podemos parar nos primeiros passos e precisamos ir muito adiante...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Dr.
Cristaldo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. CRISTALDO: Sr. Presidente,
colegas Vereadores e plateia aqui presente, agradeço o tempo cedido pela minha
colega de Bancada, Ver.ª Luiza Neves. Obrigado, Luiza. Gente, eu venho aqui
meio preocupado com as coisas que estão acontecendo com o Governo Federal em
relação às mudanças que esses movimentos de rua vêm fazendo. Então a minha
primeira preocupação com os médicos, como eu, e com o Conselho Regional de
Medicina, principalmente o do Estado do Rio Grande do Sul, é essa contratação
de médicos estrangeiros. Na realidade, no Brasil, não faltam médicos. O grande
problema do Brasil é que não há um plano de carreira adequado para que os
médicos possam receber um salário digno para poderem exercer a sua atividade.
Essa é uma realidade. Agora, nós vamos trazer médicos de Cuba, médicos não sei
de onde, e, ainda, além de trazermos esses médicos, vamos colocar algumas
restrições para esses profissionais poderem trabalhar. Imagina se nós
trouxermos um médico lá de Cuba, colocarmos aqui no Brasil e dissermos: “Olha
aqui: tu só vais poder trabalhar no Governo; não vais poder abrir o teu
consultório; não vais poder ter o teu paciente particular; não vais poder fazer
nada disso”. O cara vai vir de lá de não sei onde para receber um salário
ínfimo e não vai conseguir exercer a função de médico, assim como nós,
brasileiros, não conseguimos. O que falta, na realidade, não são médicos, mas
nós olharmos para a Saúde com olhos diferentes. Nós precisamos de hospitais
mais bem equipados, assim como de gente mais bem equipada. Então eu peço para
vocês, colegas, nesse curto tempo em que estou passando aqui – eu venho
representar os médicos, venho representar a Saúde, eu luto pela Saúde, fui
muito tempo Vereador em Viamão, sempre lutando pela Saúde – que vocês abram os
olhos e vejam que a realidade não é essa, a realidade não é trazer médico pobre
de outro país para vir aqui e ficar mais pobre ainda, porque, pelo menos no
país dele, ele tem casa, tem família, tem comida, e aqui ele trabalhará por um
salário pequeno, um salário que não lhe dará condições de sobrevivência. Porque
nós, médicos, aqui do Brasil, não temos condições... Na realidade temos que ver
a Saúde de outra maneira, fazendo plano de carreira para os médicos, dando
salário melhor, investindo mais em Saúde, investindo mais em medicamentos, e
fazer com que os nossos doentes não fiques atirados em emergências, não fiquem
atirados em filas de postos de saúde, não sejam enganados com receitas cujos
medicamentos não existem em farmácias. Então, gente, vamos mudar isso. E a
única maneira de mudar é equipando melhor os hospitais e fazendo um plano de
carreira bom para o médico e para quem trabalha na Saúde. Obrigado por essa
oportunidade. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Parabéns pela
sua manifestação, Dr. Cristaldo, à qual me associo.
O Ver. Idenir Cecchim
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR CECCHIM: Obrigado, Presidente,
Dr. Thiago; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. Eu tive um relato ontem da
reunião da COSMAM – eu não faço parte da Comissão, mas acompanho as reuniões
que acontecem na Casa – e quero lamentar aqui desta tribuna que não tenham
convidado o autor do projeto, que é Vossa Excelência. Lamentável! Isso não é
uma reprimenda aos colegas Vereadores, mas, num assunto tão importante, acho
que não dá para convidar só quem é a favor. Isso é para se discutir, a Cidade
precisa discutir, as pessoas precisam saber. Não dá para convidar só quem é a
favor, senão a balança fica assim... Eu quero fazer esse registro, e até,
quando houver reunião na minha Comissão, para que também a minha Comissão faça
isto: convide o autor, quando o projeto tiver alguma divergência de ponto de
vista, o que respeitamos, porque não dá para fazer isso.
(Aparte
antirregimental do Ver. Paulo Brum.)
O SR. IDENIR CECCHIM: Teria um enorme
prazer, Ver. Paulo Brum. Então, era esse o registro que queria fazer.
Queria também fazer
um pedido aos colegas, ao Ver. Bernardino que nós postergássemos a votação do
projeto sobre fogos de artifícios por duas ou três Sessões, para que o lobby que estão fazendo por aí, não sei
se é bom ou ruim, seja feito com um pouco mais de tempo, para que todos fiquem
sabendo o que estamos votando e por que não se pode ou pode votar. Não se pode
pedir para Vereador não votar, simplesmente; não dá para fazer assim. Eu fiquei
de Secretário da Indústria e Comércio durante seis anos e eu elogiei tanto o
Bazar Bahia, pedia para as pessoas comprarem num lugar autorizado, que era bom
fazer assim, cuidar para não se machucarem o tempo todo. E eu nunca recebi
visitas do Bazar Bahia, nem dos outros, para me dizerem: “Olha, Secretário, é
isso”. Eu não precisei da visita deles para dizer que comprassem num lugar
qualificado que os pudesse orientar. Então, temos de dar uma discutida melhor,
chamar os setores que vendem os fogos de artifícios, chamar as pessoas que
entendem os prejuízos, os riscos que há. Em 2005, fiz uma resolução, que,
agora, a Ver. Mônica, inteligentemente, está transformando em projeto de lei,
proibindo fogos de artifícios em lugares fechados. Tem de proibir mesmo, seja
com lei ou com chicote: dentro de lugar fechado, não se pode lançar fogos de
artifícios. Eu não sei se alguém tem coragem, ainda, de ser contra esse projeto
depois da desgraça que aconteceu em Santa Maria. Agora, o resto, coisas do
tipo, onde se vende, como se vende, tem que ser mais discutido. O Ver.
Bernardino acena com a cabeça, concordando com a postergação dessa votação.
Acho que isso vai fazer bem para todo mundo, acho que o assunto é importante e
é para a segurança de todos nós.
Eu acho que estamos
tendo algumas lições de várias Câmaras Municipais, em virtude do movimento que
começou agora pelo Rio Grande, pelo Brasil, e vamos ter de apresentar
respostas. E nós temos as respostas. Nossa Câmara de Vereadores trabalha e é
provavelmente a única no Brasil que não se deu nenhum centavo de aumento de uma
Legislatura para outra, e nós temos trabalho a apresentar. Então, se tivermos
que fazer alguma passeata, que os próprios Vereadores a façam. E nós temos
motivos para fazê-la, nós temos o que mostrar: trabalho e não salários
exagerados. A Câmara de Porto Alegre, realmente, dá um exemplo para o Brasil
sobre esse assunto. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente,
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, quando da discussão da Pauta na Sessão
anterior, eu quase que cometo uma agressão ao Regimento, pedindo um aparte à
Ver.ª Any Ortiz, quando ela falava a respeito do seu Projeto, Projeto esse que
eu acho que foi muito bem elaborado e que, inclusive, está dando oportunidade,
na Casa, para algumas discussões a respeito do tema transporte coletivo, que me
parece que, se não estão diretamente vinculadas à Pauta, está na pauta
nacional. Eu quero, inclusive, dizer que eu estou muito preocupado com o rumo
com que alguns acontecimentos estão tendo neste País. Agora mesmo se festeja
que os Municípios irão receber recursos dos royalties
de petróleo para utilizá-los exclusivamente em Educação e Saúde: 75% em
Educação, 25% em Saúde. E, mais do que isso, do Pré-Sal irão receber 50%. Só
que o Pré-Sal é uma ficção, pois, até agora, é muito discurso, e não se tirou
uma gota de petróleo capaz de justificar algum royalty para qualquer lugar deste País. Mas a minha preocupação é
que, na esteira de tudo isso... Nós temos, por exemplo, o Senador Presidente do
Senado Federal, Renan Calheiros, dizendo que vai fazer um projeto de lei
instituindo o passe livre em todo o País para os estudantes. Ver. Guilherme
Socias Villela, mais uma vez está-se procurando cumprimentar com o chapéu
alheio, porque diz o Senador Calheiros, justificando o seu projeto: “Já que os
Municípios vão receber recursos para a Educação, então, eles vão ter recursos
para pagar o passe livre dos estudantes, a gratuidade da passagem para os
estudantes.” Ora, Sr. Presidente, na marcha que vai, nós vamos onerar mais o
Município e não vamos lhe dar nenhum resultado nesse fato que nós estamos
festejando no dia de hoje. A Vereadora autora do Projeto que eu estou a me
referir relata uma realidade: a quantidade de grandes acontecimentos que
ocorrem aqui em Porto Alegre aumenta, com muita frequência, a necessidade de
frotas especiais de ônibus, seja para atender a população que vai à Arena e que
amanhã, depois, quando estiver concluído, irá ao Beira-Rio, seja para shows,
espetáculos esportivos, campeonato nacional, Copa do Brasil, Recopa,
Libertadores da América, Sul-Americano – a dupla Gre-Nal está sempre nesses
jogos, e aí a grande movimentação de público. E a Ver.ª Any, com a sua
sensibilidade, mostra isso. E tem gente que vem aqui e diz: “Não, porque nós
estamos com um modelo novo para apresentar”. Parem com essa estória! Esse
modelo novo de gente que ficou 16 anos governando a Cidade, que mandaram as
leis para cá, que aprovaram as leis, a própria tabela que fixa a tarifa foi
proposta por pessoas que são do Partido dos Trabalhadores, e, agora que o rolo
está montado, vem com modelo novo? Que modelo novo coisa nenhuma! Essa conversa
é muito antiga e muito inconsequente, e, provavelmente, seja mais uma coisa
para jogar nas costas do contribuinte que já é pesadamente judiado neste País.
O Sr. Alceu Brasinha: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.). Ver. Reginaldo Pujol, realmente quando o
senhor falou dos 16 anos, eu quero dizer que esse tempo eu sempre conto em
dias, são 5.844, e fizeram aquela horrível atuação. Quando encamparam os
ônibus, achavam que iam conseguir fazer alguma coisa e não conseguiram.
Entregaram, literalmente, sucateados, quebrados. E ainda eles vêm argumentar
que sabem como administrar um sistema de transporte. Eles não sabem, se
soubessem, estariam aí, e, quando estiveram, deram um péssimo exemplo para a
Cidade.
O SR. REGINALDO PUJOL: Isso aí, Vereador, agradeço
o seu aparte.
Eu quero dizer, com
toda sinceridade, que, há poucos dias, antes de o Senador Renan Calheiros tomar
conta desse assunto, o Governador do Estado dizia que ia liderar um movimento
nacional em favor do passe livre para os estudantes. Ora, minha cara Ver.ª
Lourdes, esse mesmo Governador liderou um movimento nacional, fez uma lei
estabelecendo padrões remuneratórios para os professores, e hoje o Governador
do Estado não cumpre a lei que ele mesmo elaborou! Ora, eu tenho um temor
justificado de que a mobilização nacional, os seus desmandos, e até mesmo os
seus excessos, que não podem ser desconhecidos, gerem uma situação nova neste
País, como já está gerando agora, com o Congresso Nacional aprovando, às
pressas, várias medidas, com o propósito, puro e simples, de limpar sua imagem
com a opinião pública. Eu não tenho que limpar minha imagem com a opinião
pública; o que eu disse como candidato, eu sustento como Vereador, e assim por
diante.
O Projeto da Ver.ª
Any Ortiz, que é o motivo de eu ter vindo à tribuna, tem a sensibilidade de
reconhecer que, em determinadas circunstâncias, a famosa frota reserva que o PT
sempre utilizou no calculo tarifário e que agora não quer mais que se inclua,
Ver. Janta, tem que ser utilizada neste momento. Não vai se retirar os veículos
das outras linhas, não vai se usar o cobertor curto, que cobra a cabeça e deixa
o pé de fora! Esse é um dos grandes momentos em que a frota reserva é
utilizada. Então, esse Projeto bom da Ver.ª Any Ortiz vai trazer ensejos de bons
debates aqui. Agora, chega de farisaísmo, chega de fariseus! Chega de gente que
não “deu no couro” ao administrar o transporte coletivo da Cidade, que fez a
barbaridade daquela famosa intervenção, que gerou tantos problemas para a
Cidade! Não, esse pessoal não vai nos dar lição de como conduzir, Ver.
Bernardino Vendruscolo, a política do transporte em Porto Alegre! Com todas as
dificuldades, eu tenho convicção que não faltará no Cappellari, não faltará em
sua equipe sensibilidade suficiente para administrar essa situação. Ouvir, sim,
a voz das urnas, ouvir, sim, a voz do povo, colocada na rua, mas ouvir com a
tranquilidade e serenidade de que não é devedor e que pode, uma vez
sensibilizado, oferecer respostas para apelos que vêm sendo solucionados. Os
outros, “não me venham de borzeguins ao leito!”
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero, de antemão, Ver.
Idenir Cecchim, dizer que o seu pedido é possível, sim. Aliás, se V. Exa.
estiver lembrado, partiu deste Vereador a vontade de tentar conciliar os três
projetos que existem na Casa, para que pudéssemos elaborar um, que,
evidentemente, contemplasse as três propostas. Então, não há problema algum,
este Vereador está à disposição para tentar juntar os projetos, enfim, ver
alguma coisa nesse sentido, ou, quem sabe, dar tempo aos senhores para fazerem
uma proposta de modificação ao meu Projeto.
E quanto ao meu
Projeto que trata dos fogos de artifícios, pontualmente, para não deixar
dúvidas, vou explicitar rapidamente aqui: “Fica proibido comercializar,
conservar, depositar e queimar fogos de artifício ou permitir sua queima em
prédios residenciais, de uso misto ou cuja distância, em relação a qualquer
outro, residencial, comercial (...) seja inferior a 300m (trezentos metros).
(...) Respeitadas as regras estabelecidas, a realização de shows pirotécnicos somente será permitida mediante a autorização do
Poder Executivo Municipal (...). (...) Somente serão vendidos fogos de
artifício para pessoas com idade igual ou superior a 18 (dezoito) anos
[devidamente autorizadas].” Foi-se o tempo – e este que aqui fala é do tempo,
sim, em que se largava foguete, soltava bomba de qualquer jeito. Nós temos hoje
que repensar os nossos próprios costumes, e essa proposta deste Vereador, ainda
que deste ano, vem sendo debatida e estudada há mais de um ano! Eu estou
convencido de que não é possível nós aceitarmos essa prática, esse costume, que
já vem de muitos e muitos anos – está enraizado entre nós –, de soltar fogos de
artifício: foguete, bomba, rojão, qualquer que seja, isso feito por crianças e
por pessoas desavisadas. Essas bombas, esses fogos são usados no meio de
residências, próximo a pessoas que não têm nada a ver com o assunto, trazendo
pavor para os vizinhos, para os animais. Basta os senhores irem ao Pronto
Socorro em véspera de feriado ou em final de ano para saber o resultado dos desastres
que acontecem.
Eu vejo aqui, em
visita a esta Casa, um dos donos de uma casa que comercializa fogos de
artifício em Porto Alegre, que é o Bazar Bahia. Eu respeito profundamente o Seu
Sérgio, que não conhecia, quando ele diz que já está estabelecido há 50 anos na
Cidade Baixa e na Zona Norte, onde, segundo ele, tem um regramento que limita
em até 20 quilos o armazenamento de fogos de artifício. Olha, gente, nós também
precisamos avaliar isso! Eu não me furto em debater. Também quero dizer que eu
não fui à polícia, ao delegado, que é o responsável, em primeiro lugar, porque
eu não tenho obrigação; em segundo lugar, o delegado mais habilitado para
debater com este Vereador, aqui nesta Casa, é o Delegado Cleiton, que é
Vereador. Então, está convidado, sim, o Delegado Cleiton; aliás, todos nós
aqui. Agora, não é delegado de fora que vai mandar recado para mim, eu não
tenho essa necessidade! Eu tenho, sim, vontade de ouvir a todos que têm direito
de expor, assim como o próprio interessado aqui veio, mas não estou subordinado
a quem quer que seja para pedir autorização a fim de propor um Projeto aqui
nesta Casa. Acho que eu também não tenho direito de, sozinho, debater um
assunto e achar que ele está totalmente pronto e acabado. É por isso que faço
um apelo: não me furto, estou à disposição, Presidente, para fazer o debate com
profundidade. Este Projeto não se originou deste momento, dos fatos ocorridos
lá em Santa Maria; esse assunto é antigo para este Vereador. Os Vereadores que
estavam aqui o ano passado sabem que eu já vinha debatendo esse assunto. Assim
como venho debatendo, há muito tempo, as questões que envolvem os carros-fortes,
os carros de transporte de valores.
Nós não podemos,
Presidente, mais aceitar que esses carros estacionem nas vias de difícil circulação,
aparelhados com armas calibre 12, trancando o trânsito e constrangendo as
pessoas. Os bancos precisam dar um jeito, não somos nós! Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver.
Dr. Thiago; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras; geralmente, Ver. Idenir Cecchim,
eu tenho posição, mesmo sendo contra; eu não vou para o lado que o vento vai,
nunca! Eu tenho as minhas posições. Agora mesmo, vimos o que aconteceu com a
Presidente Dilma, que quis ir para o lado que o vento estava favorável, não
conseguiu e, rapidamente, teve que retirar time dela de campo. Eu até diria a
ela que pedisse um conselho ao Ver. Pedro Ruas e à Ver.ª Fernanda. Por quê? O
Ver. Pedro Ruas, quando fala, tem consistência e palavra; e ele vai à luta e
consegue liminar lá. A Dilma, com o poder todo, retirou rapidamente! Que medo é
esse? Por quê? Então, eu quero dizer que eu tenho as minhas posições, Dr. Cristal,
mesmo que sejam contra a ideia da maioria, mas eu sou firme nas minhas
posições. Ver.ª Luiza Neves, eu estava falando com a senhora agora mesmo do
quanto é importante andar na Cidade de ônibus. E eu sou um que anda muito de
ônibus, ando de ônibus mesmo! Gosto do transporte público, acho bom o nosso
transporte e ando em outras cidades quando ocorrem grandes eventos. E é aí que
a gente vê que o nosso transporte é muito qualificado perto de outros. Por que,
Ver. Comassetto?
Sobre o Projeto da
Ver.ª Any Ortiz: é um bom momento, é importante. Na Arena da Baixada, em
Curitiba, por exemplo, Ver. Mario Fraga – eu costumo dizer porque frequento
muito os jogos de futebol, que são grandes eventos; principalmente quando o
Grêmio joga, o evento é maior porque leva mais público –, não se tem táxi, não
se tem ônibus, não se tem transporte! Aí eu comparo com a nossa Arena do
Grêmio, onde a EPTC faz um bom trabalho, bota mais de 300, 600 táxis à
disposição dos cidadãos, mais as linhas de ônibus que são colocadas lá. Claro
que não é suficiente, mas o Secretário Cappellari tem bom senso e sabe que
precisa de mais ônibus, sabe que precisa melhorar o nosso trânsito, ele admite.
Mas, quando a gente anda em outras cidades... Eu e o Ver. Reginaldo estivemos
em Santa Cruz de la Sierra; o transporte de lá, meu filho – o Paulinho Brum
conhece –, é quase impossível andar naquele transporte de Santa Cruz de la
Sierra! Nós também estivemos no Chile, aquele transporte é difícil! E aí eu
dizia para o Reginaldo, Ver. Janta, e pensava cá comigo: que saudade que dá do
nosso transporte de Porto Alegre! E eu sou um dos que anda de transporte mesmo!
Eu ando várias vezes, e muita gente me conhece de dentro dos ônibus. Talvez
alguém que ande mais de ônibus seja o Paulinho aqui! Mas eu ando de ônibus, eu
ando de lotação, ando de táxi, isso eu faço diariamente.
O Sr. Clàudio Janta: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) O Paulinho
anda como motora de ônibus, não é?! Eu só queria reafirmar, quando o Ver.
Reginaldo estava na tribuna, que nós não podemos mais permitir que, na ânsia de
fazer esse gigante adormecer novamente, o Congresso faça as demagogias que o
Renan quer fazer: dar isenção no transporte para todos os estudantes. Eu acho
que esta Casa tem que repudiar isso. Não é dando isenção de transporte, é
discutindo o modal, é discutindo o conjunto. Não adianta o Governo Federal dar
isenção e não passar a CIDE para os Estados e Municípios. Tem que passar a CIDE
do combustível para os Estados e Municípios administrarem esse imposto que vem
embutido no petróleo. Aí nós podemos, com certeza, dar isenção não só para os
estudantes, mas para os trabalhadores também.
O SR. ALCEU BRASINHA: Obrigado, Ver.
Janta, pela colaboração. Eu volto a dizer: lá em Santos, quando estivemos lá,
não pode chegar ônibus perto do estádio. E aqui a nossa Cidade oferece essa
forma. Agora o Projeto da Any Ortiz vai ajudar a qualificar ainda mais o
trânsito.
Acho importante, mas
temos que ver o meio de transporte das outras cidades, dos outros locais: lá de
São Paulo, lá do Rio, lá de Curitiba, que diz que tem um exemplo de transporte.
Eu andei por lá pelos estádios todos, e tem um péssimo transporte; se quiser,
eles oferecem táxi para quem está do lado do estádio. Obrigado, senhores.
(Não revisado pelo
orador.)
(O Ver. Bernardino
Vendruscolo assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. DR. THIAGO: Sr. Presidente, caros
Vereadores; eu me inscrevi em Pauta, Ver. Villela, para falar especificamente
do seu Projeto – Troféu Câmara Municipal de Porto
Alegre ao Lar de Santo Antônio dos Excepcionais, entidade que presta um
excelente serviço à cidade de Porto Alegre. Lá, Ver. Villela, nós temos médicos
que trabalham e acreditam na Saúde pública deste País.
Eu quero,
em nome desses médicos que trabalham no Lar Santo Antônio – por isso não fujo
da Pauta – ler o que nós temos escrito sobre a questão da dignidade médica:
mais do que um mero anseio nacionalista, a necessidade de valorização do médico
conterrâneo é fundamental, Ver. Cristaldo, a convalescença da
saúde do povo brasileiro, restituindo-lhe a fidúcia dos órgãos sanitários do
País.
A estabanada vontade
oficial de importar sedizentes médicos alienígenas não resiste a qualquer exame
centrado no interesse público, pois, como garante o Chico da Restinga,
iguala-se ao agir do charlatão, que, frente a um dedo infeccionado do paciente,
decepa-lhe a mão.
É óbvio que todo
cientista ou profissional estrangeiro é bem-vindo a este País, eis que aqui
sopram democráticos ventos globalizados. Contudo, é imprescindível que o
desempenho funcional dessas pessoas esteja submetido às normas vigentes na
pátria de Getúlio Vargas.
Perante o Direito
brasileiro, o exercício médico possui dois requisitos normativos essenciais: a
conclusão de Medicina em universidade oficializada e o devido registro no
colégio médico correspondente. Isso significa que a não revalidação do diploma
do suposto médico veda-lhe a prática médica no território nacional, e o fato
passa a se constituir crime contra a Saúde pública, definido como exercício
ilegal da Medicina e curandeirismo, tipificados, respectivamente, nos arts. 282
e 284 do Código Penal vigente, sem falar no crime de perigo à vida ou à saúde
de outrem, que está tipificado no art. 132 do Código Penal.
Desrespeitar os
axiomas na formação ou na capacitação médica ou até mesmo a utilização de
estratagemas ardilosos tendentes a burlar exames ministeriais equivalem a uma
escangalhada política tumorizada, destinada a entronização dos conflitos
sociais e ao atendimento de interesses eleitoreiros, panfletários e
demagógicos.
Primeiro, buscou-se a
politização da medida, evocando a vinda de hipotéticos médicos cubanos. Como a
brasilidade reagiu a tamanho absurdo, voltaram-se aos portugueses e espanhóis,
a fim de, presuntivamente, minorar as angústias econômicas que dominam o
além-mar. Logo, esse paliativo não solucionará a falta interiorizada de médicos
por tempos razoáveis, assemelhando-se apenas à ministração de um placebo, Ver.
Cristaldo, na tentativa de medicar um doente terminal. Os problemas caboclos
devem ser resolvidos com recursos brasileiros, eficazes, e por isso urge que as
tímidas políticas públicas deixem de pensar pequeno e reconheçam a dignidade do
exercício médico, enquanto vértice reitor da cidadania. Para tanto, o
oficialismo pátrio precisa: a) destinar meios, recursos e equipamentos
exponenciais à formação médica; b) multiplicar o número de vagas nas
universidades públicas e privadas da área da Saúde; c) impor condições dignas e
atrativas de ensino e pesquisa nos cursos de Saúde; d) criar uma legislação
federal que condicione o exercício da Medicina, da Enfermagem, da Farmácia, da
Odontologia, da Psicologia a um exame prévio nacional de capacitação profissional,
a cargo de instituições competentes como, por exemplo, ocorre na OAB; e)
conceder autoridade legal aos respectivos conselhos regionais para fixar pisos
salariais compatíveis aos profissionais de Saúde no serviço público federal,
estadual e municipal; f) instituir uma política nacional de Saúde, construindo
e instalando postos de atendimento comunitário nas regiões desassistidas; g)
legislar nacionalmente quanto à obrigatoriedade do formando em universidade
pública exercer sua profissão nos municípios carenciados durante certo período.
É baseado nisso, Ver.
Cristaldo, que estamos aqui. É importante que a sociedade atente para isso,
para que, efetivamente, não fique à mercê de situações que certamente vão fazer
com que elas possam ter sua saúde prejudicada, uma vez que temos que ter uma
qualidade mínima profissional.
Ninguém aqui, volto a
dizer, é contra a participação e a presença de cientista ou profissional
estrangeiro. Todos são bem-vindos no nosso País; mas é fundamental, é
imprescindível que o desempenho profissional seja submetido às normas vigentes
neste País. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
(O Ver. Dr. Thiago
reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Estão
suspensos os trabalhos para a Reunião Conjunta das Comissões.
(Suspendem-se os
trabalhos às 15h58min.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 16h49min): Estão reabertos os trabalhos.
Agradeço ao Ver.
Reginaldo Pujol pela condução dos trabalhos da Reunião Conjunta das Comissões.
Quero esclarecer que na
próxima segunda-feira enfrentaremos a discussão e votação do PLCE nº 007/13,
que visa à desoneração das tarifas, pela isenção do ISSQN, para o transporte
coletivo por ônibus em Porto Alegre. O Parecer Conjunto já está aprovado, e
enfrentaremos o Projeto com suas Emendas na próxima segunda-feira. De forma
célere, a Casa mais uma vez dá a sua demonstração.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 16h51min): Havendo quórum, passamos à
REQUERIMENTO - VOTAÇÃO
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº 124/13 – (Proc. nº 2016/13 – Ver. Alberto Kopittke) – requer Moção de
Repúdio ao Projeto de Decreto Legislativo aprovado na Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados, que autoriza o tratamento psicológico para
alterar a orientação sexual de homossexuais.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Em votação o Requerimento nº 124/13, de autoria do Ver. Alberto Kopittke. (Pausa.) O Ver. Pedro Ruas está
com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 124/13.
(O Ver. Bernardino
Vendruscolo reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente,
Vereadoras, Vereadores, falo em meu nome e da Ver.ª Fernanda Melchionna,
portanto, do PSOL, para registrar, Ver. Alberto Kopittke, que V. Exa. andou bem
e acertou em propor uma Moção de Repúdio a algo que escandaliza o Brasil. Na
verdade, nós já tivemos aqui, Ver.ª Fernanda Melchionna, uma outra Moção de
Repúdio, de nossa autoria, que foi aprovada aqui na Câmara. Porto Alegre foi a
primeira Cidade do Brasil – é importante registrar isso –, a aprovar uma Moção
de Repúdio à indicação do Dep. Pastor Feliciano para a presidência da Comissão
de Direitos Humanos na Câmara Federal. Nós aprovamos uma Moção de Repúdio
àquela indicação e nomeação. Hoje, já tratamos dos efeitos da permanência,
Ver.ª Jussara Cony, daquele Deputado na presidência da Comissão de Direitos
Humanos. Uma barbaridade, um acinte à cidadania! E ele teve o peito, o
descaramento de aprovar a ideia do tratamento psicológico para mudar a
orientação sexual de quem tem como orientação nessa área o homossexualismo.
Para todos nós, isso é uma profunda agressão. Profunda agressão! Tratar como
doença algo que a humanidade inteira já superou no próprio preconceito é um
absurdo que envergonha o Brasil. Envergonha o Brasil perante o mundo, porque
nós não temos, na nossa tradição democrática, no que tange à questão sexual, um
ato tão rebaixado como este. E pior: vindo de uma Comissão de Direitos Humanos!
E, nos Direitos Humanos, S. Exa. o pastor Deputado Feliciano entendeu por bem
excluir o direito livre à orientação sexual. Mas nós, em Porto Alegre, Ver.
Kopittke, através da Moção de V. Exa., através do trabalho de Vereadoras e
Vereadores que entendem como absurdo que isso possa acontecer, queremos
manifestar, sim, e bem alto, e para todos, a posição da Capital dos gaúchos,
porque nós falamos aqui – e esta responsabilidade nós temos que ter, de maneira
clara, intensa –, hoje, sobre este tema, Ver. Alberto Kopittke, por toda a
Porto Alegre. Cada voto das Vereadoras, dos Vereadores representará isto,
exatamente isto, no dia de hoje: a posição da Capital do Rio Grande do Sul, a
posição de Porto Alegre, a mesma Porto Alegre – sempre repito – que, em 1884,
quatro anos antes de o País, portanto, minha prezada Lícia Peres, abolir a escravidão,
com uma legislação municipal, inconstitucional, por sinal, mas que foi cumprida
aqui em Porto Alegre. A única Câmara de Vereadores do Brasil que reintegrou
Vereadores cassados: Glênio Peres e Marcos Klassmann – representados, hoje,
simbolicamente, certamente, por Lícia Peres, que nos dá a honra da sua presença
no Plenário. Nós temos que ter responsabilidade com esta Cidade. Somos
Vereadores que passam pela Câmara; uns ficam mais tempo, menos tempo, mas,
enfim, passamos por aqui. Mas aquela Câmara que foi do Glênio Peres e do Marcos
Klassmann, que foi de Vereadores do século XIX, é a mesma Câmara que agora vai
dizer para todo o Brasil que repudia – repudia! – o que foi feito na Comissão
de Diretos Humanos – vejam só! – da Câmara dos Deputados em relação a um
conceito discriminatório, a um conceito que retira direitos de cidadãos e
cidadãs com orientação sexual favorável ao homossexualismo. Nós repudiamos,
Ver. Alberto Kopittke, sob a liderança de V. Exa. nessa Moção de Repúdio, essa
decisão que foi tomada lá em Brasília. Nós repudiamos e queremos deixar marcado
para a história que repudiamos, no início, a nomeação do Deputado Pastor
Feliciano na presidência dessa Comissão, e, agora, repudiamos essa barbaridade
que ofende princípios elementares de cidadania e direitos humanos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Ver.
Bernardino Vendruscolo, presidindo os trabalhos; Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, prezado Ver. Alberto Kopittke, quero parabenizar V. Exa., primeiro,
por trazer esse tema à Casa, que é um dos assuntos que está sendo debatido em
todo o Brasil. Quero também dizer que este Parlamentar tem por norma não votar
moções de repúdio. Fiz apenas uma Moção de Repúdio, que foi aprovada e depois
nunca mais; isso foi há 16 anos. Sou daqueles que defende que as moções de
repúdio podem se transformar em outras moções, de forma solidária, dentro do
mesmo contexto. Por exemplo, por que não fazer uma moção a favor da livre
orientação sexual? Porque, na realidade, é isso que buscamos: o livre arbítrio.
E a população sabe que tratar a questão do homossexualismo como doença é algo
inacreditável, isso não se permite mais. Foi dado o nome de “cura gay”, mas não
é essa a questão. No fundo, tem uma concepção ideológica que não aceita o ser
humano dentro de um limite de concepção e até, muitas vezes, de orientação
religiosa, não permite que a pessoa tenha o livre arbítrio da livre orientação sexual. Isso é algo
inacreditável, pelo menos, na minha concepção. Qual é o pecado se um homem
gostar de um homem, ou uma mulher gostar de uma mulher? Livre orientação
sexual, são escolhas! Esses temas são tabus muito fortes, e eu fico contente
porque V. Exa. está trazendo a esta Casa a possibilidade dessa discussão.
Muitas vezes, esses temas são discutidos embaixo do tapete ou sem lâmpada, no
escuro; por isso, muitas vezes, até de forma hilária, dizem: “Saiam do armário
e assumam as suas posições!” Quem assume a sua posição tenho certeza de que é
mais feliz, mais feliz como pessoa porque não precisa se vigiar. Este Vereador
já presenciou algumas cenas de adolescentes que não sabiam como dizer ao pai e
à mãe que tinham uma escolha homossexual, que gostavam de um parceiro ou de uma
parceira, porque tinham receio de como seria a reação do pai ou da mãe, se
encorajando ou banindo. Quem é pai e mãe pode não concordar, mas ama, entende.
É neste aspecto que eu digo: não votarei com V. Exa. pela Moção de Repúdio, mas
sou daqueles que defendem uma moção da livre orientação sexual, que permitem a
escolha.
Quero dizer que
tratar deste tema aqui com relevância, com seriedade... se diz que, na
essência, todos nós somos filhos de Deus. Então, por que não dar essa mão? Isso
não quer dizer que vamos incentivar, não! Mas permitam o livre arbítrio da
livre orientação sexual. São escolhas! Este Vereador, de forma bem fraterna,
fica contente porque este é um tema latente que as vozes da rua discutiram
muito, têm discutido, e tenho certeza de que será muito mais discutido. Mas
também digo o seguinte: a pessoas que não tinham nenhuma expressão o mundo
social está dando notoriedade, e é o caso desse Parlamentar, que, sem sobra de
dúvida, vai ser um dos mais votados no Brasil. Eu não vou entrar no mérito
porque são escolhas! A população, uns entendem, outros não, mas são escolhas.
Muito obrigado, Presidente. Um abraço.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13, como autor.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Caros Colegas, todos
que nos assistem aqui; quero saudar novamente a querida amiga Lícia Peres, que,
de certa forma, representa um conjunto de defensores dos direitos humanos aqui
do nosso Estado. Eu trouxe este tema, caro Professor Garcia, à nossa Casa com
este título porque essa tem sido a voz das ruas. Nós estamos vivendo um momento
de discussão: em qual sociedade nós queremos viver? Qual a democracia que nós
queremos para o País? Qual o tipo de relação da cidadania com o Estado, quais
as liberdades que nós queremos, no século XXI, que o nosso Brasil tenha a
possibilidade de viver nas suas ruas? Esse é o momento de discussão que a
sociedade está nos exigindo: que nós possamos apresentar nossas opiniões.
A história escolheu o
dia da discussão dessa Moção no Parlamento de Porto Alegre, que tem liderado um
conjunto de moções, caro Ver. Nereu, que, depois, ecoam pelo Parlamento federal,
justamente como o Prefeito Villela me mostrou: foi no dia em que a suprema
corte americana declarou a constitucionalidade do casamento entre homossexuais,
e o Presidente Obama declarou, de forma feliz, que, pela primeira vez, em 240
anos da constituição americana, todos os americanos se tornaram iguais,
alcançaram a plena liberdade naquele direito mais fundamental, que é o direito
da união entre duas pessoas que se amam. Esse direito tão simplório, na mais
desenvolvida das democracias, como se diz, demorou 240 anos para se tornar uma
garantia constitucional.
Aqui no nosso País,
infelizmente, nós vivemos um momento em que a religião tem sido utilizada para
separar as pessoas. E não é nessa democracia que nós queremos viver! Eu não
quero que, em nome de Jesus, de Alá, de Adonai, de Shiva, de Oxalá, as pessoas
se separem, se dividam e sejam tratadas como doentes, como diferentes. Assim
como eu não quero, Ver. Paulo Brum, que as pessoas sejam diferenciadas por
serem portadoras de uma necessidade especial, de uma deficiência física; assim
como eu não quero, Delegado Cleiton e Ver. Tarciso, que as pessoas sejam
diferenciadas pela sua cor; assim como eu sonho, Séfora, que as pessoas não
sofram preconceito por serem de outras regiões do País ou do mundo; assim como
eu não quero, Any e Ver. Pujol, que as pessoas sejam diferenciadas e
discriminadas pela sua idade, porque são muito jovens ou porque são idosas;
assim, Valter, como eu não quero que as pessoas sejam discriminadas porque são
judias ou porque são orientais. Eu realmente sonho que todos possamos ser
iguais.
Esse é um assunto
para a cidade de Porto Alegre discutir porque nós estamos discutindo em qual
cidade nós queremos que nossos filhos cresçam. Numa cidade onde eles sintam
vergonha daquilo que são, da cor que têm, da orientação sexual com que
nasceram? Ou numa cidade onde eles tenham liberdade para viver? Essa é a
discussão que temos que fazer aqui.
Alguns têm dito,
Presidente Bernardino, que essa discussão tem sido levada de forma muito
acelerada na nossa sociedade. Mas não é acelerada para quem sofre o
preconceito. Nós vivemos hoje no País que mais mata homossexuais no mundo!
Apenas no ano passado, 340 homossexuais foram mortos pela sua orientação
sexual! E me dizem que isso é uma ditadura gay!
Pois eu não conheço um caso em que um heterossexual tenha sofrido violência de
algum gay. Nenhum caso eu conheço, e
desafio aqui que me digam! Em Canoas, onde se criou um cartório para
diversidade e liberdade sexual, em quatro meses já foram recebidas 50 denúncias
de violência contra homossexuais, por preconceito. Bem fez, apesar de
tardiamente, a Organização Mundial da Saúde, que, desde 1990, excluiu a
homossexualidade do seu caderno de classificação de doenças. E é isso que o
Conselho Federal de Psicologia regulou na sua normativa, sobre o que ele tem
competência, assim como os advogados têm competência para legislar a ética no
meio dos advogados e os médicos entre os médicos. Agora, infelizmente, aqueles
que usam o nome do seu Deus para plantar o ódio na sociedade querem trazer a
divisão entre nós. Não é essa a democracia que o povo brasileiro quer viver no
século XXI. E eu, realmente, espero que nós possamos afirmar, a partir de Porto
Alegre, para todo o Brasil, que nós queremos uma sociedade onde todos as
brasileiras e brasileiros efetivamente possam ser iguais, e não serem tratados
como doentes apenas porque são diferentes. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Ver.ª Séfora Mota está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13.
A SRA. SÉFORA MOTA: Boa-tarde a todas, a
todos. Eu não sou uma pessoa muito religiosa, mas lembro de ter sido criada sob
dois preceitos bíblicos, pelos quais a gente deveria rezar. O primeiro é “amar
a Deus acima de todas as coisas”, e nesse Deus eu incluo todo os deuses, a
natureza, a espiritualidade e todas as formas de crença. E o segundo, “amar ao
próximo como a si mesmo”, eu levo para a minha vida. Eu ensino, eu educo, e na
minha vida é assim. Porque eu acredito num mundo melhor, num mundo com
igualdade.
Opção sexual, é
interessante a opção sexual. Eu opto hoje, hoje eu vou gostar de mulher; amanhã
eu volto a ser hétero. Não existe opção sexual: a pessoa é condicionada, nasce
assim; não é uma doença e não pode ser tratada como doença. Quando se fala em
“cura gay”, pode se levar a atos de extrema violência. Na semana passada,
estávamos discutindo o estupro coletivo, que é um absurdo que fazem com
lésbicas para “corrigi-las”. Quer dizer: você, na verdade, não teve um homem
capaz de lhe fazer mulher. Então estupra. E nós não podemos aceitar isso. É uma
sociedade com igualdade, com respeito, com dignidade, acima de tudo,
independente da questão religiosa. Hoje, em tudo que se fala se volta para a
questão religiosa. A gente tem que separar as coisas. Para quem eu legislo?
Quem eu represento? Eu represento toda uma Porto Alegre, eu represento pessoas
de todas as religiões, de todas as condições sexuais. A homossexualidade não é
doença – não existe cura. Nós temos que respeitar, amar, ir contra qualquer
tipo de ação e comportamento homofóbico que vai gerando violência e violência.
Os gays e as lésbicas sofrem aquele
tipo de violência mais cruel pelo simples fato de seres, que eu não entendo o
que têm dentro da cabeça, não entenderem isso. Quando eu tive o meu primeiro
filho... E eu sempre fui uma pessoa que sempre lutou contra o preconceito,
porque sofro preconceito porque sou mulher, sou negra, sou extremamente vaidosa
e me coloco fora dos padrões normais da mulher casada, da mulher que vai à
igreja. Eu não sou padrão para ninguém. Eu não nasci para ser adequada. Então,
a gente tem que repudiar isso, sim, e é uma forma de nos manifestarmos, porque gay não é doença, homossexualidade não é
doença, é uma condição humana da pessoa, e por essa condição humana eu vou
lutar até o fim para que esse direito seja respeitado. Por que eu posso casar,
eu posso adquirir bens com o meu marido e eles não? Eu repudio, sim, porque
eles sofrem agressão. A gente não vê gay
atacando ninguém! A gente não vê gay
dando paulada em homem, mulher e em evangélico. Então, não existe a ditadura gay. Existe a justiça de a gente lutar
por aquilo que é certo, de lutar pelas pessoas que precisam – ali está a
Silvana com o nosso cartazinho.
Nós estamos nesta luta
e vamos continuar repudiando qualquer tipo de atitude homofóbica,
preconceituosa, porque vivemos em um Estado livre. Nós temos que aceitar as
diferenças e, acima de tudo, respeitá-las. Ninguém precisa concordar com nada.
Não podemos usar o poder que temos para principalmente influenciar muitas
pessoas e colocar em suas cabeças o que está certo e o que está errado. Então,
é bem isso. A Moção vem em um momento muito bacana e foi muito bem colocada. A
nossa luta tem que ser contra a violência, contra a intolerância, para que,
quem sabe, possamos ter políticas descentes, políticas boas para o povo,
respeitando essas pessoas. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, os
nobres Vereadores querem que eu “saia do armário”, mas eu vou ter que “sair do
contêiner”, porque não tem armário em que eu caiba!
Na verdade, eu fui um
dos primeiros Vereadores que vieram falar aqui nesta tribuna... Isso não é
consenso na minha Bancada, já que a Ver.ª Luiza Neves congrega da mesma Igreja
do Deputado Marco Antônio Feliciano. O Bernardino ainda me corrigiu na semana
passada, dizendo que não é para eu falar só no nome do Deputado, como eu faço
há muito tempo; é para falar nos eleitores dele. Então, eu faço um apelo aos
200 mil eleitores do Marco Feliciano: peçam a ele que rediscuta essa questão.
Mas não foi só o
Marco Feliciano que votou essa matéria; nós tivemos dez votos a dois na
Comissão. Como hoje, quando nós votamos o Projeto das passagens: não foi só uma
Comissão, não foi só uma pessoa que votou! Acho que, se nós vamos repudiar, nós
temos que repudiar as dez pessoas que votaram favoravelmente ao projeto da
"cura gay”. Não existe cura! Eu sou gordo porque eu quero ser gordo – o
Kopittke não falou aqui, não é? Esqueceu! Eu acho que as pessoas são o que
querem: as pessoas que querem ser homossexuais são homossexuais; se quiserem
ser héteros, são héteros. As pessoas vêm sofrendo discriminações no mundo desde
que o mundo é mundo: sofreram discriminações por diferenças de língua; sofreram
discriminações por diferença de sexo – e as mulheres sofrem discriminações até
hoje! Não vamos nos enganar, tapar o sol com a peneira e dizer que as mulheres,
hoje em dia, não sofrem discriminações. Sofrem discriminações na diferença de
salário, quando uma mulher recebe menos do que um homem. Quando uma mulher
chega num cargo melhor ou é porque está transando com o dono da empresa ou
porque fez alguma coisa para chegar naquele cargo, e não porque ela é
supercompetente, não porque ela é superqualificada. Sempre levam para o lado
pejorativo quando a mulher cresce, como, por exemplo, quando ela chega a esta
Câmara de Vereadores. E isso acontece também com os negros, com os pobres,
acontece com todos. Então, nós temos é que repudiar qualquer tipo de
discriminação, qualquer ato de discriminação, principalmente vindo de um
Congresso que não consegue votar o fim do fator previdenciário; de um Congresso
que não consegue votar uma reforma tributária, de um Congresso que, com medo
das ruas, votou em plena terça-feira, Ver. Valter Nagelstein! A vitória é dessa
gurizada que foi para a rua, que foi fazer o Congresso Nacional trabalhar,
ontem, às 22 horas, e votar projetos importantes para o povo brasileiro.
O Projeto dos royalties do petróleo estava lá,
engavetado, porque não tinha tempo de votar! É que nem aqui, quando acontecem
algumas coisas: e vem para cá, e vai para lá, e pede isso, e pede aquilo, e não
vota, e entra emenda, e sai emenda, e pedem mais adiamento, e mais isso, e mais
aquilo, e não votam nunca o negócio! Os royalties
do petróleo estavam lá, e, brilhantemente, ontem, o Congresso Nacional
conseguiu votar os royalties do
petróleo! Brilhantemente, sim, Ver.ª Sofia, porque as ruas intimidaram os
Deputados, ontem, numa terça-feira, quando nunca tem quórum! E eu digo isso
porque eu vivo marchando em Brasília, fazendo lobby para aprovar os projetos dos trabalhadores, e, ontem, em
plena terça-feira, tinha quórum. Brasília funciona quarta e quinta, mas ontem
tinha quórum, no Congresso Nacional, para aprovar! E lobby também, muito lobby!
Muito lobby!
Os trabalhadores
morrendo nas minas de carvão, e a Comissão de Direitos Humanos não vê isso;
trabalhadores morrendo na pesca ilegal no Brasil, e a Comissão de Direitos
Humanos não vê isso. Aí tem tempo de se preocupar se o cara quer ser gay, se a mulher quer ser gay. Vá ser o que quiser! Seja livre,
faça com amor e faça o que quiser. Seja livre! Agora, o Brasil precisa avançar,
precisa crescer e se desenvolver. Com força e fé, vamos seguir mudando e
melhorando a vida dos trabalhadores.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, eu quero, de pronto, agradecer ao Ver. Ferronato,
e fazer apenas um pequeno reparo: eu falo pela Liderança do Governo. Não falo
em nome do Governo e não falo em nome do Governo, pela mesma liberdade que
fundamenta a minha fala, porque não é uníssona, dentro do Governo, a posição
que este Vereador sustenta, neste momento, desta tribuna. Eu acredito que talvez
o valor mais sagrado que nós, como sociedade, tenhamos a garantir é exatamente
o valor da liberdade: liberdade de escolha, liberdade de opção, liberdade de ir
e vir, liberdade de professarmos a nossa fé e de termos as nossas próprias
opções sexuais.
O Ver. Ferronato me
cede generosamente o tempo, e eu agradeço, mas eu, em homenagem a esse mesmo
princípio, preciso também reconhecer razões naqueles que eventualmente
discordem, daqueles que eventualmente não concordem com a minha posição.
A utilização da religião
como mote, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, para que se
queira nortear o comportamento de qualquer indivíduo parece-me algo,
infelizmente, tão antigo e tão odioso quanto a própria história das
civilizações. A religião é um valor fundamental. Eu próprio sou muito ligado,
arraigado a essas questões e tenho comigo que aquilo que é muito personalíssimo
e íntimo de cada um, Ver. Nedel – valores, propósitos, princípios –, que são
ligados a uma ideia, eu os defenda na minha vida, no meu dia a dia, na
construção do meu mundo. E, quando eu olho para os ditames éticos que eu
encontro inscritos na Bíblia, eu vejo que a Bíblia só se propõe, e sempre se
propôs, a trilhar o caminho do bem. Portanto, eu não imagino, não pretendo e
não desejo recolher esses ensinamentos da Bíblia e fazer com que eles valham
como dogma ou como norma para determinar a conduta ou reger a conduta de outras
pessoas. Assim, eu estaria desvirtuando os próprios valores que estão
insculpidos na Bíblia. Assim é que a humanidade, de tempos em tempos, incorreu
em regimes odiosos, como na inquisição e em tantos outros que pretendiam, com
determinados iluminados, dizer para A, B ou C quais eram aqueles valores,
aqueles comandos e aqueles princípios que eram os princípios que Deus desejava
e a forma como ele queria que as pessoas se comportassem. Não, não é isso o que
está ali, Ver. Villela. Ali estão ditames que devem valer para o indivíduo,
Ver.ª Mônica, para que ele constitua a sua família, para que ele construa a sua
vida, mas para que ele não deseje, de forma intolerante, impor a quem quer que
seja. E aí entra a questão da liberdade e do livre arbítrio. Nós temos esses
valores, esses nortes éticos, e temos a escolha a fazer. Nós nos valermos de
algo tão sagrado quanto a própria Bíblia para impor, e isso me parece ser um
equívoco, no qual, na história das civilizações e das religiões, muitas vezes,
nós falsamente caímos. A partir do momento em que desejo impor aos outros a
minha visão, eu não mais estou fazendo o bem. Mas a verdadeira liberdade
consiste, exatamente, em eu poder fazer o que quero e ter essa liberdade até o
limite do direito do outro. E é isso o que eu venho aqui também preconizar. E,
portanto, Ver. Alberto, voto favoravelmente, e, na mesma linha do Ver. Garcia,
lembro que essa é uma visão também partidária, tanto que o nosso então Prefeito
José Fogaça instituiu, pela primeira vez, o Gabinete de Políticas Públicas para o Povo Negro, respeitando as minorias.
Isso vem, inclusive, ao encontro do meu próprio mandato. Promovi aqui o
congraçamento das religiões dando o Troféu Câmara de Vereadores ao Grupo de
Diálogo Inter-Religioso e à própria história do Holocausto, que é o expoente
maior das intolerâncias e dos preconceitos, tentando incutir nas nossas
crianças, na mais tenra idade, esses valores de poder olhar o próximo e
reconhecer nele um valor tão alto quanto o meu próprio.
Por isso tudo,
concluindo, quero dizer que eu, particularmente, voto favoravelmente a essa
Moção, Ver. Ferronato, no sentido de que cada um de nós possa fazer a sua
escolha, eleger o seu caminho, não impondo aos outros vontades, dogmas ou
verdades que se presumam que sejam verdadeiras. Que cada um viva com liberdade
a plenitude das suas escolhas, desde que essas escolhas não afetem e não
queiram impor aos outros nenhum tipo de limite, de odioso preconceito. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
(A Ver.ª Sofia Cavedon assume a
presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Ver.ª
Jussara Cony está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº
124/13.
A SRA. JUSSARA
CONY:
Obrigada, Ver.ª Sofia. É importante que V. Exa. esteja presidindo neste momento
em que, como mulher, subo a esta tribuna e inicio cumprimentando duas mulheres
que estão aqui presentes nesta Sessão e que para mim representam mais do que
exemplos, mas orientações na luta que travamos ao longo da história da
humanidade: Lícia Peres, esta mulher feminista que sempre lutou junto com os
movimentos do nosso País, por todo e qualquer tipo de discriminação; e a
Silvana Conti, que tenho o prazer de ter como assessora no meu gabinete,
Presidente do Comdim e representando aqui a Liga Brasileira de Lésbicas. Nós,
mulheres, assim como as mulheres do mundo, combatemos toda e qualquer forma de
opressão e discriminação porque sabemos muito bem o que significa a opressão,
pois vivemos na carne e na alma as discriminações e opressões de gênero.
Cumprimento o Ver. Kopittke, pois sem dúvida nenhuma, teremos, todos, aqui,
muito trabalho pela frente. Quero cumprimentá-lo pela Moção e pelos
desdobramentos que ela trará. Não há cura para o que não é doença. Eu defendo
essa Moção e quero dizer aqui, com todas as palavras, por convicção política,
ideológica, humana e espiritual – e que fique bem claro: política, ideológica,
humana e espiritual... Essa Moção inclusive nos leva a uma discussão em busca
de outros avanços – podemos ser uma referência –, como por exemplo, os avanços
na garantia dos direitos civis em função da orientação sexual. E nós vamos
fazer isso através da proposta que há dois meses colocamos nesta Casa e que
está pronta para votar. Na segunda-feira vou solicitar na Reunião de Líderes
que ocorra a votação da Frente Parlamentar pela Livre Orientação Sexual, pois
entendemos que cada ser humano, homem ou mulher, deve viver sua sexualidade, o
seu amor, a sua afetividade de acordo com a sua livre orientação sexual. Isso é
um direito humano, é o direito de ser feliz, enfrentando, inclusive, uma
sociedade que gera preconceitos que levam a crimes e a mortes. Essa Câmara Municipal
vive um momento de muita grandeza ao aprovar essa Moção. A luta, nas ruas, por
democracia, pela superação de preconceitos, pela garantia de direitos humanos,
essa luta que não é só de hoje, mas da história dessa Nação, Nação que, perante
o mundo, deve estar envergonhada pela aprovação desse Projeto na Câmara
Federal... Isso é um atraso para o Brasil, um País cuja maior riqueza é a nossa
diversidade humana e cultural. Nós somos referência por essa diversidade. E,
nessa diversidade, está o componente da orientação sexual. Ao votarmos essa
Moção, além dessa odiosa discriminação, daremos um sinal claro de que a Câmara
Municipal de Porto Alegre é contra todas as formas de preconceito e
intolerância. Tenho a absoluta certeza de que quem votou naquele Projeto, quem
patrocina esse tipo de comportamento na nossa Nação vai para o lixo da
história, mais cedo ou mais tarde, por que é contra o direito do humano em cada
um de nós. Então, a Bancada do PCdoB, eu e o Ver. João Derly, sem dúvida,
apoiaremos essa Moção e constituiremos a Frente Parlamentar que pedimos há dois
meses. Gostaria de ver todas as bancadas participando dessa Frente. Essa Moção,
hoje, nos dá a possibilidade de ir adiante na luta pelos direitos civis,
respeitando a livre orientação sexual de todo ser humano da Nação Brasileira.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Ver.ª
Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 124/13, pela oposição.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Ver.ª Sofia, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu, primeiro, gostaria de agradecer o Líder da
oposição, Ver. Pedro Ruas, pela cedência do tempo. Falo em nome dos Partidos da
oposição e cumprimento aqueles que esperaram a tarde inteira para que essa
Moção pudesse, de fato, ser votada, Ver. Kopittke, e creio que aprovada pela
ampla maioria dos Vereadores desta Casa. Em nome do Lucas Maróstica, nosso
aguerrido companheiro do Juntos pelo Direito de Amar, e do Oton, eu queria
cumprimentar todas as organizações que vêm travando essa luta no nosso País.
Porque, na verdade, três coisas me parecem fundamentais de serem trazidas a
esse debate nessa oportunidade que tu nos deste. Primeiro, a importância do
povo na rua. Eu vejo e fico muito orgulhosa de poder ser parte de uma geração
que não está apenas olhando a história nos livros, mas está construindo-a nas
ruas da nossa Cidade. Um levante juvenil que começou como faísca contra o
aumento das passagens e teve espelho na nossa vitória em Porto Alegre com a
mobilização dos jovens, mas que começou a questionar uma série de coisas, nas
quais não vou entrar no mérito, como saúde pública, a questão dos bilhões para
a Copa, mas, sobretudo, a forma como a política é feita e o combate à
negociação de direitos, que são direitos fundamentais. Não é à toa que todos os
dias nas ruas nós vemos, nas mobilizações, cartazes contra o Marco Feliciano,
contra a “cura gay”, contra essa forma de fazer política, pois, enquanto a
juventude se organiza para ir às ruas, a quatro portas, no Congresso Nacional,
a Comissão de Direitos Humanos vota esse acinte, essa vergonha, esse
desrespeito completo, que é tratar a orientação sexual de milhões de
brasileiros como se fosse uma doença. O que precisa de cura é a homofobia, o
que precisa de cura no nosso País é a intolerância, o que precisa de cura é a
tentativa de impor uma visão religiosa sobre o Estado. Cada um pode ter a
religião que quiser, se quiser ter, mas o Estado é laico, a Câmara tem que ser
laica, as instituições têm que ser laicas, a lei tem que ser laica, porque é
para todos. Uma visão não pode tentar retomar o obscurantismo, não pode tentar
propagar o ódio, a intolerância, não pode, na sua visão fechada, dogmática,
intolerante, homofóbica, discriminar aqueles que já são vítimas de
discriminação pela ausência de políticas públicas que os defendam, e, mais,
propagar os crimes de ódio e a intolerância. Nós estamos
muito atrasados no Brasil. Porque quem precisa de cura são aqueles intolerantes
que a cada dia assassinam um homossexual no nosso País; quem precisa de cura é
aquele que está lá na frente da Comissão de Direitos Humanos, usando um espaço
que sempre foi o espaço das minorias, do debate, do avanço da política pública,
para fazer declarações machistas, homofóbicas e racistas. Aliás, racismo já é
crime inafiançável, no Brasil – e para mim o Marco Feliciano deveria estar
respondendo por crime inafiançável –, algo que o Movimento Negro conquistou, e
que nós conquistaremos para a homofobia. Porque nós lutamos pela criminalização
da homofobia como crime imprescritível, inafiançável para que sejam punidos os
que propagam a intolerância e a homofobia no nosso País, e também para que
sejam punidos todos aqueles que violentam os outros pela sua orientação sexual,
ou seja, que sejam punidos aqueles que não respeitam o amor dos outros, que não
têm a capacidade de saber que toda a forma de amor vale a pena. E é por isso
que eu fico muito contente que nós consigamos aprovar essa Moção na tarde de
hoje, e, mais do que isso, que esse movimento nas ruas se transforme cada vez
mais no movimento por direitos civis, e que nós possamos presenciar muitos atos
– como foram feitos hoje, em seis cidades – contra o Marco Feliciano. Nós
tivemos um aqui na Esquina Democrática dizendo para o Feliciano se cuidar,
porque quem derrubou a tarifa também vai derrubá-lo. Boa luta! Nós seguiremos
essa batalha.
(Não revisado pela
oradora.)
(O Ver. Waldir Canal
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Mario
Manfro está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 124/13.
O SR. MARIO
MANFRO: Ver. Waldir Canal, na presidência da Casa, caros colegas, em primeiro
lugar quero deixar bem claro que sou contra qualquer tipo de discriminação. Que
bom seria se houvesse uma sociedade em que não precisássemos, toda hora, estar
repetindo isso, porque aí seria uma sociedade realmente justa.
Só que eu vou
condicionar o meu voto favorável a esta Moção de Repúdio a que o proponente me
diga... Porque eu estava lendo aqui (Lê.): “Requer Moção de Repúdio ao Projeto de Decreto Legislativo aprovado na
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que autoriza o tratamento
psicológico para alterar a orientação sexual de homossexuais”. Bom, isso é uma
falácia, isso não é verdadeiro, porque o Projeto, simplesmente, mantém o caput do art. 3º, que diz o seguinte
(Lê.): “Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização
de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva
tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”. Eu quero
saber onde está dito que autoriza o tratamento? Em nenhum momento. O que o
Projeto faz? Ele extingue o parágrafo único do art. 3º e o art. 4º da Resolução
do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99. Então, em momento algum o proponente
está autorizando o tratamento psicológico para alterar a orientação sexual. Se
o Projeto parte de uma coisa que não é verdadeira, eu não posso votar favorável
a isso. Então, de novo, para deixar bem claro, porque, infelizmente, a gente
tem que deixar isso claro muitas vezes: sou totalmente contrário a qualquer
tipo de discriminação, e, mais do que isso, se o senhor propuser uma moção de
solidariedade com livre orientação sexual, eu vou assinar, junto com o senhor,
se me permitir e me der essa honra, mas, neste caso, não se configura Moção de
Repúdio. Era isso, obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Tarciso
Flecha Negra está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº
124/13.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr.
Presidente, Ver. Waldir Canal; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, público que
no assiste, serei bem rápido aqui porque não vou ficar dando mérito a coisas
banais. Eu sempre fui assim na minha vida: quando me chamam de negro, eu sempre
viro as costas e vou embora, porque eu sou negro com muito orgulho. Obrigado,
minha mãe, por ter me dado esta cor maravilhosa. Eu vim aqui mais para mostrar
que a nossa Bancada do PSD – em meu nome e do Ver. Bernardino Vendruscolo – é
favorável à Moção. Eu acho um absurdo o que está acontecendo. Desde 1977, eu me
dava muito bem com aquela torcida que havia no Grêmio, todo mundo lembra, a
Coligay. Eu não discrimino ninguém, dou-me bem com gordo, com magro, com índio,
pois, graças a Deus, herdei este coração maravilhoso através dos meus pais. E
quero dizer, Ver. Cristaldo, que estava vendo televisão, na segunda-feira, e
teve um lance, em Brasília ou em São Paulo, se não me falha a memória, de um
dos manifestantes, na rua, Ver. Kopittke, um cara forte mesmo – parecia o Rambo
– que instigou a polícia, Ver. Janta, ao querer beijar o cavalo da polícia. Vi
isso em um canal de televisão, na Band, e aí veio o comentário do Boechat, que
disse assim: “esse cara não pode ser preso, esse cara tem que ir para o
hospital fazer tratamento, porque o cara está querendo beijar o cavalo”. Quer
dizer, aí, é brincadeira! Então, no caso do Feliciano, é ele que está doente, e
quem o colocou lá deve ir se tratar também. Depois desse Projeto, quem o
colocou na presidência da Comissão de Direitos Humanos, Ver. Pedro Ruas, também
deve ir para tratamento. A gente sabe que o Feliciano está doente. Oxalá, que
Deus o abençoe e ilumine o seu coração, e que ele possa ver o mundo com outra
visão. Este País, Jussara Cony, é muito injusto há muitos e muitos anos, seja
com os negros, há centenas de anos, com os homossexuais, com todos. Eu lembro
que Hitler queria um país de gente perfeita, foi a maior loucura que passou
pela face da Terra, que se chama de Os Dias Negros – não sei por que negros,
mas chama-se de Os Dias Negros. E quem era esse homem? Esse homem era um
monstro. Eu não vou ficar aqui batendo na mesma tecla, porque, pela dos Líderes
de todas as Bancadas, eu vi, colega Cristaldo, colega Delegado Cleiton, colegas
de cor, que são todos favoráveis à Moção, assim como este Vereador também o
será, juntamente com o Bernardino Vendruscolo, da nossa Bancada. E não poderia
ser diferente. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº
124/13.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, estamos há mais de hora tratando de um outro assunto, porque a
Moção do Ver. Alberto Kopittke, a quem eu muito respeito, não tem nada a ver
com o projeto! Nós estamos votando outra coisa. O projeto diz que autoriza o
tratamento psicológico para alterar a orientação sexual. O Ver. Mario Manfro
foi claro. De quem é o projeto? Ninguém falou do projeto. O projeto é de
autoria do Deputado João Campos, do PSDB, e foi votado na Comissão como estamos
votando hoje aqui. O Pastor Feliciano não votou, ele presidia a Comissão, como
a Ver.ª Sofia, que estava, há pouco, presidindo a Sessão plenária. Não
significa que ela é responsável por este projeto, em absoluto, assim como o
Pastor Feliciano, Presidente, que não vota, por ser presidente da Comissão.
Então, estão crucificando o Pastor, que não tem nada a ver. E estão falando da
“cura”, cujo projeto não diz nada sobre isso; pelo contrário, diz exatamente aqui...
Eu fico triste com o nosso médico, que está vindo aqui recentemente, vendo como
as coisas se alteram e mudam sem uma correção. Diz aqui o parágrafo único: “Os
psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e
cura das homossexualidades”. É isso que diz o projeto. Está aqui, a todos está
disponível. Então, vieram aqui falar que trata da homossexualidade, mas não se
trata de nada disso! O projeto permite que os psicólogos atendam pessoas que
queiram ter seu tratamento.
Muito bem, e eu tenho
aqui o CID 10, a respeito de Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento, elaborado pela Organização Mundial da Saúde, em que são
apresentadas as descrições clínicas e as diretrizes diagnósticas de cada
transtorno – não fala em doença – para uso clínico, educacional e assistência
em geral. Esse CID 10 visa a obter maior confiabilidade de diagnóstico,
permitindo a que psiquiatras provenientes de diversas regiões, ao entrevistarem os mesmos pacientes...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, solicito Comunicação de Líder.
O SR. PRESIDENTE
(Waldir Canal): O
senhor está encaminhando, Vereador. O senhor tem mais um minuto.
O SR. JOÃO CARLOS
NEDEL: Eu acho que houve
problema.
O SR. PRESIDENTE
(Waldir Canal): O
senhor vai fazendo uso do seu tempo, enquanto eu dou uma olhada no Regimento.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Então
serve como orientação aos psiquiatras, psicanalistas, psicólogos de
praticamente todo o mundo ocidental, mas não tem caráter impositivo. É um guia,
não é uma lei! E trata de transtornos, não trata de doenças! Trata de
transtorno! E o que vem a ser transtorno? Segundo o CID, transtorno indica a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos
clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e
interferência com funções pessoais. Também diz que não existe dúvida quanto à
identidade ou à preferência sexual, mas o sujeito desejaria que isso ocorresse
de outra forma, devido a transtornos psicológicos ou de comportamentos
associados a essa identidade ou a essa preferência, e pode buscar tratamento.
Repito: buscar tratamento!
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): Para concluir, Vereador.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Eu tenho dúvida, em todo caso estou
concluindo. Não podemos, portanto, repudiar um projeto que pretende, ao invés
de cura, como tem sido maldosamente divulgado, como se fosse “cura gay”, o
contrário: não permite a cura, mas, sim, tratar dos transtornos e verificar a
possibilidade de tratamento que lhes dê condições de vida equilibrada e normal.
Para encerrar, eu
faço um alerta: já está em análise na Organização Mundial de Saúde um projeto,
apresentado por um grupo de psicólogos internacionais, querendo – escutem bem –
descaracterizar a pedofilia, hoje classificada como transtorno de preferência
sexual, para ser considerada, Ver. Tarciso, como uma opção sexual. Vejam só,
pedofilia como opção sexual!
Portanto, voto contra
a presente Moção de Repúdio. Mas a minha Bancada está liberada para votar com a
liberdade democrática que existe sempre no Partido Progressista.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, eu
quero só fazer um registro de protesto – aguardei educadamente S. Exa., o Ver.
Nedel, concluir –, no sentido de que o tempo do Ver. Nedel, na tribuna, não
acabava nunca! E mais: um Vereador de quatro ou cinco mandatos pedir Liderança
no encaminhamento?! Esse é o meu protesto.
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): Registrado o
seu protesto. O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento nº 124/13.
O SR. MARCELO SGARBOSSA: Boa-tarde a todos e
a todas, eu não ia falar, dificilmente eu falo, só quando entendo que algo é
realmente importante, mas me parece que esta é uma das questões mais
importantes que a gente pode discutir. Porque a política tem que discutir
valores, sim, direitos humanos. E eu acho que não temos que entrar na discussão
“se revogou a Resolução”, “se é o parágrafo 3º”, “se não é do Pastor Feliciano”
ou “se é desse outro do PSDB”; nós temos que fazer manifestação política,
inclusive de valores. Então, eu senti falta, na fala do Ver. Nedel, do seu
posicionamento. Não tem problema se posicionar. Nós estamos em uma democracia e
as pessoas podem dizer que veem problema em uma pessoa ter outra orientação
sexual, que veem uma diferença. Não tem problema. O problema é quando se omite
esse posicionamento e, por questões diversas, acaba reforçando o preconceito,
preconceito esse que é forte, mesmo. A Ver.ª Sofia acaba de mostrar no seu
computador uma mensagem que chega de uma pessoa dizendo horrores, uma fala
nitidamente de ódio contra o Jean Wyllys, do PSOL, Deputado Federal, e contra
todos os argumentos ditos, os quais não vou repetir para não reforçá-los e dar
mais argumentos para o ódio. Isso está nas ruas. Eu pensei um pouco no meu
colega Sabino, que foi Conselheiro Tutelar. Imaginem um conselheiro tutelar que
entenda a orientação sexual dessa pessoa como uma doença. Quando essa criança
chegar na frente do conselheiro, ele vai querer tratar essa pessoa, vai
encaminhar como se fosse uma doença que precisa ser curada! Aumenta ainda mais
o problema daquela criança que está sendo acolhida por aquele conselheiro
tutelar. E assim por diante.
O Ver. Nedel colocou
a questão da CID. Como bem lembrou o Ver. Alberto, a CID 10 é para aquele
sujeito que, ao se olhar no espelho, se vê como mulher, mesmo o seu corpo
físico sendo de homem. Bom, lhe é garantida, inclusive, pelo SUS, a cirurgia de
troca de sexo, com acompanhamento psicológico. Então, é uma garantia da pessoa
que tem um gênero diferente do seu corpo físico. Agora, esse transtorno que o
Ver. Nedel coloca estava na CID 6, que foi abolida em 1985; portanto, nem mesmo
esse guia, que é uma mera recomendação, reconhece como um transtorno a questão
da orientação sexual, o que foi bem lembrado pelo Ver. Alberto.
Eu digo isso, porque
é muito forte... Durante a campanha eleitoral, uma pessoa, na parada de ônibus,
pegou um panfleto meu, que dizia “direitos humanos”, e essa pessoa, ligada a
uma igreja, começou uma discussão com tamanho ódio – e é difícil eu entrar numa
provocação; entendo e respeito o posicionamento democrático das pessoas – por
estar escrito “direitos humanos”; era uma menina de uns 18, 20 anos, que até me
assustei, Séfora. Eu não entendo o porquê de as pessoas ligadas à religião
pregarem o ódio. Qual o problema de as pessoas terem outra orientação, serem
felizes, constituírem família de outra forma, com pessoas do mesmo sexo? Enfim,
deixem viver, qual é o problema? Quer dizer, a religião, que vem para trazer o
amor, acaba trazendo o ódio. É incompreensível! Isso me cheira a gosto pelo
poder de quem quer captar as mentes através do ódio. É uma fala infeliz, com
muito pesar; são pessoas, que, para alimentar o seu próprio poder, fazem a fala
do ódio, achando que isso capta os corações e mentes das pessoas. Vou ler uma
mensagem para vocês, que diz (Lê.): “Para vocês, anormais, nojentos, serem
empurrados de volta para o esgoto de onde saíram e de onde não podem contaminar
nossos filhos com sua ideologia “gaysista” e com doenças que vocês disseminam
no planeta, como o HIV, entre outras: ‘se vocês se recusam a receber tratamento
como doentes, receberão isolamento e, quem sabe, num futuro próximo, o exílio.
Não gostamos de vocês e não queremos vocês entre nós. Desapareçam!’” Quer
dizer, é esse tipo de ódio, Presidente, que dissemina essas posições colocadas
aqui. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): Em votação
nominal, solicitada pelo Ver. João Carlos Nedel, o Requerimento nº 124/13.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 19 votos SIM, 04 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº 126/13 – (Proc. nº 2042/13 – CEDECONDH) – requer Moção de
Solidariedade com a brasileira B. B. F., presa desde 23 de março na cidade de
Barcelona, na Espanha.
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): Em votação o
Requerimento nº 126/13, de autoria da CEDECONDH. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO, com voto contrário da
Ver.ª Lourdes Sprenger.
REQUERIMENTO - VOTAÇÃO
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº
101/13 – (Proc. nº 1641/13 – Ver. Marcelo
Sgarbossa e outros) – requer a constituição da
Frente Parlamentar pela Tarifa Justa do Transporte Coletivo.
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal):Em votação o
Requerimento nº 101/13, de autoria do Ver. Marcelo Sgarbossa e outros. (Pausa.)
O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 101/13, como autor.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores; sei que as frentes parlamentares não têm, ou não deveriam ter, pelo
menos, grande complexidade, mas quero fazer um reconhecimento às pessoas e
dizer que a ideia da criação da Frente Parlamentar surgiu numa reunião
realizada em março, uma espécie de protesto institucional que se fez com a
presença do Ver. Pedro Ruas, da Fernanda Melchionna, da Sofia Cavedon, do
Paulinho Motorista, da Jussara Cony, do João Derly. Talvez esqueça algum nome,
mas, nessa reunião em que se protestava contra o aumento da passagem, lá em
março, surgiu essa ideia, e coube a mim a proposição. Eu já gostaria de firmar
um compromisso, eu sei que as frentes parlamentares acabam tendo que ter um
proponente somente, pelo nosso Regimento, mas que ela realmente seja uma Frente
Parlamentar. Eu sou o proponente por uma questão formal, mas podemos combinar
juntos a forma de divulgação, a instalação, Jussara, enfim, uma presidência
compartilhada. Nós temos que aprender muito com o movimento das ruas, essa
ideia de que quem fala em nome tem que ganhar menos força, o que importa é a
ideia.
Também queria fazer uma referência de que não
estamos entrando nesse tema numa carona do momento. Foi em março, numa reunião,
que surgiu essa ideia. A nossa primeira visita como Vereador desta Câmara foi
justamente ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado. Na ocasião, fomos lá
justamente para falar sobre o aumento da passagem, sem falar que temos
participado de todas as manifestações, inclusive de algumas reuniões de
organização do movimento contra o aumento da passagem. Então, me parece de
fundamental importância que a gente discuta, e o foco da comissão é a tarifa.
Lembrando uma fala da Ver.ª Fernanda no início da tarde: não é só a tarifa que
fará com que as pessoas deixem o automóvel em casa, deixem o seu transporte
individual para usar o coletivo...
(Aparte antirregimental.)
O SR. MARCELO SGARBOSSA: Não é só a
redução da tarifa que vai fazer as pessoas deixarem o seu transporte individual
em casa e usar o transporte coletivo, numa redistribuição da justiça das ruas,
da ocupação das ruas. Mas é, também, pela tarifa. O que a gente vê na tarifa de
Porto Alegre é um grande déficit de informações. Eu até chegaria a dizer, dando
o benefício da dúvida, Ver. Pedro Ruas, que a tarifa seja R$ 2,80 mesmo. Eu
digo isso dando o benefício da dúvida. A partir do momento em que nós
descobrirmos o quanto ela deve ser, esse será o valor justo aceito por todos. E
há metodologias, Geipot e várias outras formas objetivas de se calcular a
tarifa, só que não se tem ainda esses dados. Não é à toa que uma auditoria
ampla e profunda do Tribunal de Contas subsidiou a ação do Ministério Público,
e aí surge toda a manifestação; a ação judicial proposta pelo PSOL que, com a
liminar, reduz as tarifas. O que eu estou colocando aqui é que, sem um
pré-julgamento, e, também, guardando uma similaridade com a Frente Parlamentar
que existe já na Assembleia Legislativa, é papel, sim, da Câmara de Vereadores esmiuçar isso. Portanto, mais do que
uma proposição nossa, acho que é uma proposição que deve ser de todos nós aqui.
Na sexta de manhã, haverá uma Audiência Pública, na Assembleia, da Frente
Parlamentar pelas Tarifas, presidida pelo companheiro do PT, Paulinho
Metalúgico. Fica o convite e fica esse apelo para que a gente esmiúce
esse tema e consiga chegar a um valor efetivamente justo da tarifa em Porto
Alegre. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº
101/13.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores; não é a primeira vez que eu venho à tribuna para
acentuar a proliferação do número de frentes parlamentares que têm surgido aqui
na Casa. Eu não tenho a menor dúvida em afirmar que hoje nós temos mais de 20
frentes parlamentares aqui funcionando, e algumas com objetivo comum. Agora
mesmo o autor da proposta é o Coordenador da Frente Parlamentar da Mobilidade
Urbana, que envolve, Ver. Villela, todo o processo de mobilidade urbana, como o
próprio nome diz, na Cidade, entre os quais o transporte por bicicleta, que é
uma das bandeiras do ilustre Vereador aqui presente. Quando ele apresentou essa
proposição, eu disse que o estava homenageando, votando, pela última vez, a
favor da formação de uma frente parlamentar. Surge uma série de frentes
parlamentares a que eu tenho que me filiar porque concordo, e fica meu nome
envolvido numa frente que não funciona. Sem sombra de dúvida, afirmo que a
grande maioria das frentes parlamentares constituídas nesta Legislatura não
estão funcionando. Algumas nem se instalaram sequer!
Com toda a
sinceridade, com a mesma lisura que vim à tribuna na oportunidade anterior e
disse que homenagearia o colega “cruzadeiro” do ciclismo, do uso da bicicleta,
aprovando aquela Frente Parlamentar, porque achava que ela estava comprometida
com o mandato dele, agora, com a mesma sinceridade, eu venho dizer que não vou
votar a favor da formação dessa outra frente parlamentar. Aliás, não vou votar
mais a favor de nenhuma frente parlamentar! Renunciei, inclusive, apresentar
uma que eu gostaria de ter apresentado, sobre um assunto que me é pertinente.
Mas acho que, enquanto não se regularem essas frentes parlamentares aqui na
Casa, elas perdem a razão de ser, passam a ser um objeto colorido de um
discurso. Ora, Fulano é coordenador da Frente de Mobilidade Urbana, Fulano é
coordenador da Frente Popular da Tarifa Justa do Transporte Coletivo – assuntos
relevantes e polêmicos. Eu digo, com toda sinceridade que, enquanto ficar esse
sistema perverso que hoje existe aí, em que o subsídio cruzado faz com que o
pobre subsidie a passagem do outro pobre e, às vezes, do que não é pobre, não
há tarifa justa! Agora, falar em retirar isenções aqui nesta Casa, ora,
Vereador, não fale isso com seus colegas do PT, não fale, que eles vão lhe
excomungar, com toda certeza.
Lisamente, nunca fui
homem de ficar com meias palavras. Com a mesma sinceridade que vim à tribuna na
vez anterior e disse a V. Exa. que era uma homenagem que eu lhe fazia, na
condução da Frente Parlamentar da Mobilidade Urbana, que V. Exa. coordena – não
sei se ela já foi instituída –, com aquela mesma sinceridade, no dia de hoje eu
digo não. E, doravante, sobre frentes parlamentares, antes de nós fazermos uma
ordenação capaz de estabelecer o número regular de funcionamento dessa frente,
algum regramento, eu, na minha insignificância de Vereador de um voto só, de
uma Bancada pequena, aviso aos grandões, que têm Bancada grande e que aprovam o
que querem aqui dentro da Casa, que vou firmar a minha posição: sou contra a
proposta de hoje e serei contra outras que surgirem nesta mesma linha. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): A Ver.ª Sofia
Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 101/13.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, na minha primeira intervenção nesta tarde, eu
queria apoiar, em nome da Bancada do PT, a criação dessa Frente. É verdade o
que o Ver. Reginaldo Pujol coloca aqui, que são muitas frentes de trabalho. Nós
temos muitos temas, esta Cidade é muito densa, mas o debate da tarifa justa é o
debate que mobilizou essas massas no Brasil. Não é pequena a insatisfação da
população brasileira sobre o transporte público do País. O Brasil vive tempos,
Ver. Janta, com apenas 6% de desemprego, tempos que nunca se viu – talvez seja
o único País do mundo com o menor desemprego; talvez seja o único País do mundo
que tenha um programa potente de enfrentamento da miséria, portanto, dá
condições às pessoas para procurar emprego, se deslocarem para o Pronatec; é o
único País do mundo que põe milhões na universidade, no Pronatec, na escola
técnica. E essas pessoas estão pegando ônibus, Ver. Sgarbossa, mas antes não
pegavam! O Pronatec paga, Ver. Villela, a passagem de ida e volta e mais o
lanche. E o que é o Pronatec? Há dois Pronatec: o médio e o fundamental, em que
os nossos jovens, cursando o Ensino Médio num turno, vão fazer o ensino técnico
concomitante num turno inverso, seja terminando o Ensino Fundamental, o EJA ou
fazendo curso de línguas. Aqui em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, quando
são abertas inscrições para os cursos de língua estrangeira gratuita no Senac,
elas são fechadas imediatamente, pois a nossa juventude pobre ganha o
transporte para ir e vir e mais o lanche para poder cursar. Eu estou falando de
um programa que tem financiamento para as pessoas andarem de ônibus; portanto,
os ônibus estão lotados. Nós estamos melhorando o acesso à educação, a
juventude está indo para a aula, mas os ônibus, por exemplo, que chegam à
UniRitter são um problemão; os da Orfanotrófio são um problemão, e os que
chegam na PUC e na Fapa também têm problemas. Pelo fato de o Brasil ter se
qualificado há uma grande mobilidade que tem emancipado as pessoas, Ver.ª
Jussara – temos que olhar por esse lado –, e a juventude, neste início de ano,
no ano de 2013, ano que ficará gravado na história do Brasil... Todo início de
ano tinha conturbarçõezinhas, porque subia a passagem! Bom, a passagem subia e
não tinha muito debate! Os trabalhadores faziam o seu pleito, os empresários
mandavam os valores e os governos reajustavam o preço. Enfim, o valor da
passagem era aumentada. Este ano, nesta conjuntura, na experimentação
democrática brasileira, a população reagiu e disse: “Epa! A mobilidade urbana é
um direito, tem que ter qualidade, tem que ter preços controlados, tem que ter acessibilidade,
tem que ter direcionalidade, discriminação positiva no sentido de garantir
passe livre para a juventude aproveitar as oportunidades educacionais que lhe
estão colocadas”. Então, as demandas são positivas! A população brasileira,
Ver. Valter, empregada... Há regiões inteiras que não têm desemprego, que têm
pleno emprego, mas não têm trabalhadores. E o investimento paralelo faz o quê?
Fazem com que esses trabalhadores tenham Carteira assinada, como agora, com as
empregadas domésticas, e todos com vale-transporte do patrão. Então, a nossa
tarefa, da Câmara de Vereadores, é nos debruçarmos, sim, sobre o tema da tarifa
justa, da qualidade do ônibus. É nossa tarefa, não basta votarmos em ISSQN, dar
uma redução e encerrar. A demanda está colocada, Porto Alegre tem muitos
problemas, e a nossa Casa precisa se dedicar a isso. Eu, Ver. Sgarbossa, estou
me colocando à disposição para ajudar nessa Frente. Eu te parabenizo por esta
iniciativa, e acho que um grupo de Vereadores... Nós temos aqui nuances, nós nos
dedicamos um pouquinho mais para lá, um pouquinho para cá, temos temas, mas
esse tema é desafiador, é importante e fez o Brasil mudar de cara. Vai sair até
reforma política por causa dele. Então, vamos nos dedicar, vamos dar um salto
de qualidade no transporte urbano com tarifa justa.
E, para encerrar, eu
já levanto aqui um tema que estão me cobrando no Facebook, que estão me
cobrando nas redes sociais: quando é que o Tri vai ser utilizado nos lotações?
Porque foi prometido, não é, Ver. Engº Comassetto? A turma está pedindo: “E
esse sistema eletrônico, que não está facilitando, e não está adequando
tarifa”?
Eu concluo dizendo
que a integração Região Metropolitana e Porto Alegre é uma pauta dessa Frente
Parlamentar, assim como é da outra Frente também, para que nós possamos fazer
ações juntas quando tratarmos de ônibus. Por que integrar tarifas? Porque muita
gente que anda em Porto Alegre é da Região Metropolitana. É um belo desafio,
Ver. Pujol! Venha para ele.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento nº 101/13.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Ver. Waldir Canal; Sras. Vereadoras,
Srs. Vereadores, realmente eu concordo com o Ver. Reginaldo Pujol. Eu mesmo sou
o autor de algumas frentes, assim como também sou autor de uma CPI e de uma
Comissão Especial desta Casa, cujo assunto já passou na CUTHAB, que é para
discutir a questão do transporte em Porto Alegre. E também sou autor de uma
Comissão Especial, que já foi aprovada por este plenário, que é para discutir o
trabalho decente. Então, eu acho que essa questão das tarifas justas do
transporte coletivo que o Ver. Marcelo Sgarbossa propõe nesta Casa – e ele
também é o autor de uma frente importantíssima que discute a mobilidade urbana
– é uma proposta muito importante, mas acho que nós tínhamos até, Ver. Marcelo,
que criar uma comissão de Vereadores aqui nesta Casa e nos somarmos à que já
tem na Assembleia Legislativa; o Deputado Nelsinho Metalúrgico é o Deputado que
está à frente dela, junto com representantes de todos os Partidos, do PMDB, do
PDT, para discutir o transporte como um todo. Eu acho que a tarifa justa do
transporte não compreende só o transporte de Porto Alegre, nós temos que
discutir também o transporte metropolitano. Nós temos um cartão que não é
integrado. Uma pessoa que mora em Viamão, Ver. Cristaldo, não pode usar esse
mesmo cartão do transporte de Viamão para Porto Alegre e vice-versa; uma pessoa
que mora em Guaíba não pode usar esse mesmo cartão de Guaíba para Porto Alegre.
Então, eu acho que nós temos que avançar nessa questão do transporte, nós temos
que discutir sobre isso, temos que aproveitar esse momento em que o senhor
propõe essa Frente, para, juntamente com a Comissão de Mobilidade Urbana,
discutirmos a questão da mobilidade em Porto Alegre. Eu acho que temos que
fazer uma Comissão nesta Casa, nos somarmos à Comissão da Assembleia e discutir
o transporte como um todo. Não podemos ficar numa ilha, discutindo só sobre
Porto Alegre; nós temos que discutir a questão da integração com o transporte
metropolitano. Nós não podemos aceitar que um ônibus saia de Novo Hamburgo e
venha direto a Porto Alegre, sem poder parar em São Leopoldo para pegar as
pessoas que lá residem ou trabalham! E nós também não podemos ter ônibus em
Guaíba que tenham a passagem mais cara da Região Metropolitana! Nós não podemos
implementar em Porto Alegre o BRT, por exemplo, e não saber onde vão ficar os
ônibus da Região Metropolitana. Eles vão entrar em Porto Alegre? Os ônibus de
Cachoeirinha, de Alvorada, de Viamão, de Gravataí, de Guaíba, de Canoas, de São
Leopoldo, de Novo Hamburgo vão ficar nos modais dos BRTs? Então, eu acho que a
sua proposta tem que ser inovadora nessa questão e integrar a Câmara de Vereadores
de Porto Alegre com a Comissão que já existe na Assembleia Legislativa.
Precisamos nos somar à Comissão que já existe na Assembleia Legislativa. Nós
precisamos colocar os Vereadores desta Casa lá e discutir essa questão. Não
adianta termos a mobilidade, termos tarifas mais justas, e o trabalhador pegar
o ônibus em Porto Alegre para Guaíba ou vice-versa, e não termos essa
integração. Hoje os trabalhadores de Guaíba, por exemplo, têm que omitir que
moram em Guaíba, porque nenhum empregador em Porto Alegre contrata quem mora em
Guaíba, tal o absurdo do preço das passagens em Guaíba. Eu há pouco falava com
o Ver. Nedel, quando ele propôs a reunião de Líderes, e eu disse a ele que não
podíamos fazer isso, mas, sim, discutir um critério para a Frente. Esse não é o
momento; chegamos há pouco, estamos no início de mandato, queremos apresentar
as nossas frentes, mas temos que dar esse encaminhamento. Mas achamos
importantíssimo discutir tarifas justas para o transporte, não somente em Porto
Alegre, mas em toda a Região Metropolitana. A Assembleia Legislativa está
fazendo esse debate, e esta Casa não pode se furtar de estar nesse debate junto
com a Assembleia Legislativa, de discutir não só a tarifa dos ônibus. Porque
nós temos as barcas que vêm a Porto Alegre, temos o aeromóvel, o metrô, ou
seja, as tarifas têm que ser discutidas em todas as modalidades de transporte.
Com força e fé, seguiremos lutando pelos trabalhadores. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Idenir
Cecchim está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 101/13.
O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, o Ver. Sgarbossa é jovem, é um Vereador
talentoso, que vem lá das proximidades de Lagoa Vermelha, e vem cheio de
entusiasmo para tentar melhorar o mundo. Isso é bonito, Ver. Dr. Cristaldo, só
que eu acho que as nossas frentes estão se espraiando demais. É muita frente.
Já tem a Frente da Mobilidade, que o próprio Vereador propôs, e nós votamos a
favor dela, então eu acho que não dá para o Vereador ter mais de uma frente,
senão começa a esvaziar. Nós parecemos uma Cidade histórica, que só tem frente,
não tem miolo e não tem fundos. É uma Cidade fantasma. E as frentes também
estão ficando assim. Se a gente não se cuidar um pouquinho, ficamos só com a
frente, com a fachada. E o conteúdo? Cadê o conteúdo? Cadê as pessoas que
participam? Não dá. Eu não assino a frente para, depois, não participar. Se eu
assinar, eu quero participar. Mas faltam pernas para os Vereadores participarem
de tantas frentes, de tantas Comissões. É muita reunião. Trabalhando de manhã e
de tarde, não conseguimos atender a todos esses compromissos. Então essa é a
minha preocupação.
Agora, eu faria um
esforço danado, Ver. Sgarbossa – V. Exa. que é meu vizinho, lá no Interior; eu
na roça, e V. Exa. na cidade –, para aprovar essa sua Comissão, eu me
comprometeria a votar nela desde que V. Exa. se comprometesse a convencer o
Governador Tarso Genro a baixar o ICMS para fazer a tarifa justa. Eu até entendo
que o Governador apresentou duas furadas para a Presidente Dilma, ela se atirou
nessa do plebiscito, mas depois teve que dar ré, na questão do passe livre, “o
Renan Calheiros bateu a carteira da Presidente” e apresentou antes dela, mas
ela também...
(Aparte
antirregimental da Ver.ª Sofia Cavedon.)
O SR. IDENIR CECCHIM: Eu falei isso para
um amigo meu, e ele disse que o Renan Calheiros e a Dilma se merecem, porque
fazem parte da mesma panela. Não se apressem em rir e acusar os outros, porque
fazem parte da mesma turma. Então, o Governador Tarso...
(Aparte
antirregimental da Ver.ª Jussara Cony.)
O SR. IDENIR CECCHIM: É verdade, Ver.ª
Jussara Cony, mas, quando o cara é mau-caráter, não importa em que Partido
esteja. Está lá, junto. Eu não faço parte desse Governo, eu não votei na
Presidente Dilma e não vou votar nela de novo. Eu não sei nem quem são os
candidatos, mas, na Dilma, eu não voto. Não é na Dilma, só, eu não voto no PT,
não importa quem seja o candidato. Eu pelo menos sou transparente e afirmo o
que eu faço.
E com relação a essa
tal de tarifa justa, o Ver. Janta tem razão, tem que discutir o todo, não
adianta ficar fazendo média, porque este pessoal que está na rua percebe quando
alguém está pegando carona. Pegar carona nestas coisas não está dando certo
para ninguém; não deu certo para a Presidente Dilma quando ofereceu os royalties do Pré-Sal para a Educação. E
eu nem sei se existe o Pré-Sal ainda; primeiro, vai existir para o Eike
Batista, depois, nós vamos ver se vem para a Educação. Outro que pegou carona
foi o Renan Calheiros ao oferecer o passe livre. O passe livre para quem tem
até o segundo grau já é obrigação do Governo do Estado. É obrigação, mas ele
não cumpre, ele não paga. Assim como ele não paga as prefeituras do Interior
que disponibilizam ônibus para pegar os alunos da roça para poderem estudar o
2º grau. Elas estão com déficit nisso, pois ele não paga! Está a Famurs toda
pedindo para o Governador pagar esta parte, mas ele não paga. E agora os
Vereadores todos do PT querem o passe livre para os estudantes. Mas é claro que
tem que dar! Só que o Governador tem que fazer isso e não faz. Quem ele quer
que pague? Que a Dilma pague? Que o Prefeito pague? Não, é obrigação dele!
Aliás, nem ele acreditou na proposta dele e propôs para o Conselhão discutir.
Ora, quando não tem convicção “pede auxílio aos universitários”; neste caso,
para o Governador, foi para o Conselhão. Eu, se estivesse nesse Conselhão, me
demitiria, porque o Governador só manda pepino para o Conselhão decidir. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº
101/13.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Vou ser bem
rápido, Srs. Vereadores. Ver.ª Jussara, talvez as pessoas não saibam disso –
alguns até se surpreendem –, mas quero citar Eduardo Galeano quando ele fala na
utopia: “Utopia [...] ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella
se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más
allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia?
Para eso sirve: para caminar”. Se
caminho dez passos em direção a ela, ela se afasta dez passos mais para
lá. Por mais que eu caminhe, jamais a encontrarei. Então, para que serve a
utopia? Para isto: serve para caminhar. Acho que Galeano tem uns escritos muito
bons e outros dos quais eu discordo, como é o caso de As Veias Abertas da
América Latina, que busca imputar sempre a outro os problemas que são nossos.
Eu estava lendo a respeito do Japão, da Suíça, países pequenos. No Japão, 80%
de seu território são montanhas. Esse país tem uma agricultura muito pequena,
mas é a segunda maior potência do Mundo. A Suíça tem, praticamente, três meses
de agricultura ao longo de 12 meses, mas produz o melhor leite do mundo, o
melhor chocolate. Por que estou falando desses países? Por que falei do
Galeano? É para falar um pouco do preço justo. O que é o preço justo? Justo
para nós é uma utopia. Gostaria que o professor ganhasse não o piso que o Governador
Tarso não quer pagar, mas que fosse investido 10, 15 ou 20% do PIB para que um
professor ganhasse como um professor da Correia do Sul – não da Correia do
Norte. Na Coreia do Sul, um professor é chamado de Construtor da Nação e ganha
um salário de R$ 3 mil, R$ 4 mil ou R$ 5 mil. É um salário justo para um
professor. Eu gostaria que o Brigadiano – esse que muitas vezes é hostilizado e
de quem se compreende de forma errada sua função, mas é graças a essa Brigada
Militar que nós temos segurança – não ganhasse um salário de R$ 1mil ou R$ 1,2
mil por mês, mas, sim, que ganhasse um salário de R$ 3mil, R$ 4 mil, R$ 5 mil
ou R$ 6 mil por mês. Eu gostaria que todos pudessem, na medida de seus anseios
e do seu mérito, ganhar salários justos. Assim, também, gostaria que o
transporte público fosse justo, que o preço da gasolina fosse justo, que o
preço do ônibus fosse justo, mas isso está no campo dos desejos. E, às vezes,
além do desejo e da utopia, voltando para o mundo real, tudo tem um custo.
Então, nós precisamos, quando falamos a respeito disso e da criação dessas
frentes, não nos iludir, não criar miragens, não trabalhar em cima de uma
perspectiva utópica que não vai ser alcançada, mas, sim, construir em cima de
uma realidade, uma realidade que leva em conta o salário do povo; portanto, uma
tarifa que seja proporcional ao salário mínimo, por exemplo. Temos de ter
parâmetros, mas também nos lembrar, nesses momentos de que estamos falando em
reforma política, que há tantas outras reformas que são tão importantes quanto
essa. E agora a Presidente baixa um decreto, isentando a tarifa do pagamento de
IPI ou de outros tributos federais. Isentar a tarifa do pagamento do IPI também
vai contra o Município. É como no caso com a linha branca. Porque, quando nós
isentamos carros e eletrodomésticos do pagamento do IPI, nós estamos diminuindo
exatamente o repasse do bolo federativo da Constituição para os Municípios. É
menos dinheiro para fazer ações que os Municípios têm que fazer. Então temos
que falar, portanto, de uma reforma tributária de verdade, Sr. Presidente. Nós
temos que lembrar que, quando compramos remédio, 34%, 35% do valor do remédio é
imposto; portanto, o Governo é sócio da doença das pessoas. Tem que ser feita a
reforma tributária. Fazer reforma política? Tem que ser feita a reforma
política, agora, para além de tudo isso, tem que ter vontade do Executivo.
Quando eu fui Líder do Governo aqui, o Prefeito Fogaça me disse: “Valter, nós
precisamos revisar o Plano Diretor, porque há nove anos não conseguimos”. Colocou
toda a base do Governo para revisar. O Fernando Henrique foi, na semana
passada, para a televisão e disse que deixou reformas inconclusas porque o
Congresso não quis fazer. É uma meia verdade! Porque, se o Executivo quiser, no
nosso sistema presidencialista brasileiro, o Congresso faz e realiza. Então
falar em reforma do sistema viário, Vereador, e criar outra frente, só se for
para condicioná-la a empurrar o nosso Legislativo Federal e os nossos Senadores
para as verdadeiras reformas que estão levando o povo para a rua, que é a
reforma política, que é a reforma da justiça tributária e que é a reforma do
podre e corroído pacto federativo brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
(O Ver. João Carlos
Nedel assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Apregoo o
Memorando nº 048/13, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que solicita representar esta Casa no dia 27 de
junho, quinta-feira, como palestrante, no evento alusivo ao Dia Internacional
de Combate às Drogas, na cidade de Vila Flores/RS, utilizando para o
deslocamento o seu veículo particular.
Em votação nominal,
solicitada pelo Ver. Reginaldo Pujol, o Requerimento nº 101/13. (Pausa.) (Após
a apuração nominal.) 13 votos SIM, 02 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Dezessete Vereadores
presentes, com a presença deste Vereador. Não há quórum. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 18h41min.)
* * * * *